Com o nono capítulo, Um sonho de potência, Magnoli dá início ao trecho final do livro, em que está em foco a política interna brasileira sob o governo Lula. Essa parte do livro é muito melhor que a precedente, e nela o autor deixa claro que pertence a uma classe de esquerdistas extremamente rara no Brasil de hoje: a dos que odeiam de fato a ditadura, mesmo quando é de esquerda. Prova disso aparece na denúncia da patente hipocrisia do ex-presidente, que reclamou dos abusos do governo americano contra os terroristas e silenciou diante de situação semelhante perpetrada por Fidel, sob a desculpa de que estava respeitando a política interna do país visitado. O livro é de 2006, e hoje Magnoli teria muitos contrastes adicionais para citar, como aquele entre as atitudes do governo brasileiro frente aos boxeadores cubanos que tiveram a infelicidade de vir fugir da ditadura logo aqui e frente ao homicida italiano Cesare Battisti.
O capítulo traz ainda algumas percepções salutares, geralmente negadas ou ignoradas pelos ideólogos de esquerda, como a do delírio lulista da grandeza brasileira no cenário político global, a tendência claramente socialista dos governos anteriores à ditadura (Jânio Quadros e João Goulart) e a inexistência de um alinhamento sério entre os interesses americanos e a conduta dos militares nos anos que se seguiram. Ele até chega a admitir a honestidade do governo americano ao redigir seus relatórios anuais sobre direitos humanos, que tanto denunciam os crimes dos Estados aliados quanto dos inimigos, e que Lula tentou desacreditar quando foi mencionada a péssima situação do sistema penitenciário brasileiro, ao mesmo tempo em que, como membro da Comissão de Direitos Humanos da ONU, fazia de tudo para não prejudicar os regimes cubano e chinês, dentre outros. O que, aliás, não poderia ser diferente, já que foi graças aos votos desses dois países, além de outros notórios inimigos dos direitos humanos, como Arábia Saudita, Rússia e Argélia, que o Brasil conseguiu uma vaga na referida comissão.
Segue na mesma linha o artigo mais interessante do décimo capítulo, Uma aventura no Haiti, que acausa o governo brasileiro de, por meio de sua presença militar no país, apoiar e fortalecer um governo corrupto e ditatorial.
O capítulo traz ainda algumas percepções salutares, geralmente negadas ou ignoradas pelos ideólogos de esquerda, como a do delírio lulista da grandeza brasileira no cenário político global, a tendência claramente socialista dos governos anteriores à ditadura (Jânio Quadros e João Goulart) e a inexistência de um alinhamento sério entre os interesses americanos e a conduta dos militares nos anos que se seguiram. Ele até chega a admitir a honestidade do governo americano ao redigir seus relatórios anuais sobre direitos humanos, que tanto denunciam os crimes dos Estados aliados quanto dos inimigos, e que Lula tentou desacreditar quando foi mencionada a péssima situação do sistema penitenciário brasileiro, ao mesmo tempo em que, como membro da Comissão de Direitos Humanos da ONU, fazia de tudo para não prejudicar os regimes cubano e chinês, dentre outros. O que, aliás, não poderia ser diferente, já que foi graças aos votos desses dois países, além de outros notórios inimigos dos direitos humanos, como Arábia Saudita, Rússia e Argélia, que o Brasil conseguiu uma vaga na referida comissão.
Segue na mesma linha o artigo mais interessante do décimo capítulo, Uma aventura no Haiti, que acausa o governo brasileiro de, por meio de sua presença militar no país, apoiar e fortalecer um governo corrupto e ditatorial.
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