domingo, 31 de dezembro de 2017

Top ten 2017 - André Venâncio

Como de costume, os livros escolhidos para a lista deste ano foram dispostos na ordem em que os li. E, como de costume, o fato de merecerem estar na lista abaixo não me obriga a aprovar integralmente seu conteúdo. Feitos esses esclarecimentos chatos, embora necessários, vamos ao que interessa.

1. The Wisdom of Ancient Cosmology: Contemporary Science in the Light of Tradition [A sabedoria da cosmologia antiga: a ciência contemporânea à luz da Tradição], de Wolfgang Smith (Oakton: The Foundation for Traditional Studies, 2004). Uma apreciação da ciência moderna feita de uma perspectiva perenialista e católica, nessa ordem. Há muito de que discordar, mas merece destaque pela competência técnica e filosófica (esta última muito rara entre cientistas), pela originalidade e lucidez e pela total ausência de subserviência à ciência moderna.

2. A espiral hermenêutica: uma nova abordagem à interpretação bíblica, de Grant R. Osborne (São Paulo: Vida Nova, 2009). Uma introdução competente e abrangente ao melhor da hermenêutica bíblica contemporânea, motivada por um espírito piedoso e honesto.

3. Sal da terra em terras dos Brasis: como vemos e somos vistos na cultura brasileira, de Wadislau Martins Gomes (Brasília: Monergismo, 2014). Li por indicação da Norma, minha esposa, que inclusive escreveu uma boa resenha do livro para a revista Fides Reformata. Um retrato muito perspicaz, sábio e belamente escrito da cultura brasileira e sua interação com o evangelho; é também uma descrição dos problemas da própria igreja. Importante para quem deseja entender melhor os desafios culturais específicos da igreja brasileira.

4. Animals Make Us Human: Creating the Best Life for Animals [Animais nos tornam humanos: criando a melhor vida para os animais], de Temple Grandin e Catherine Johnson (Boston: Mariner, 2010). Presente da Norma. É uma aula magistral, construída em cima de muito amor, dedicação e conhecimento, sobre a saúde emocional dos animais, dos mais diversos tipos e nos mais diferentes contextos. Uma preciosidade para quem ama os bichos.

5. Teologia sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual, de Franklin Ferreira e Alan Myatt (São Paulo: Vida Nova, 2007). Excelente pela abrangência, tanto de temas quanto de perspectivas, e pela motivação piedosa. Para um leigo como eu, é um grande número de lições preciosas em um único volume.

6. O engenhoso fidalgo Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes Saavedra (eBooksBrasil, 2005). Obra que dispensa apresentações, mas que comentei brevemente no Literatura e Redenção. Foi a melhor obra literária do ano.

7. Igreja e Estado no Brasil holandês: 1630-1654, Frans Leonard Schalkwijk (São Paulo: Vida Nova, 1986). Eu não teria lido sem a ajuda do meu amigo Wagner Sgobbi. Obra preciosa, não só pelas valiosas informações históricas e pela erudita pesquisa que o fundamenta, mas também enquanto exemplo de perspicácia interpretativa e piedade intelectual. Revelou-me um mundo de todo desconhecido.

8. Filosofia verde: como pensar seriamente o planeta, de Roger Scruton (São Paulo: É Realizações, 2016). Recomendado e emprestado pelo meu amigo Augusto Gonzaga. É o mais abrangente e mais sensato tratamento que já vi sobre a questão ambiental, escrita por um dos mais interessantes filósofos vivos.

9. A soberania do bem, de Iris Murdoch (São Paulo: Unesp, 2012). Recomendado e emprestado pelo meu amigo Aluizio Neto. A melhor leitura filosófica do ano. Comentei sobre esse livro no Literatura e Redenção.

10. A guerra do fim do mundo, de Mario Vargas Llosa (Rio de Janeiro: Objetiva, 2011). Romance histórico ambientado no Brasil. Impactou-me profundamente por suas percepções sobre a cultura brasileira. Também escrevi sobre ele no Literatura e Redenção.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Top ten 2016 - André Venâncio

Como de costume, os livros escolhidos para o top ten deste ano foram dispostos na ordem em que os li. E, como de costume, o fato de merecerem estar na lista abaixo não me obriga a aprovar integralmente seu conteúdo. Feitos esses esclarecimentos chatos, embora necessários, vamos ao que interessa.

1. A cruz de Cristo, de John Stott (São Paulo: Vida, 2006); recomendado pelo pr. Diogo Jorge. Uma exposição teológica de altíssimo nível sobre a doutrina bíblica da salvação, feita com rigor, clareza, sensibilidade e piedade.

2. A barca de Gleyre, de Monteiro Lobato (São Paulo: Globo, 2010); recomendado pela Norma. Décadas de cartas ao melhor amigo de um de nossos mais importantes escritores. Como poderia não ser bom?

3. Desenvolvimento e cultura: o problema do estetismo no Brasil, de Mario Vieira de Mello (São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1963); recomendado pela Norma. História da filosofia, crítica literária, análise cultural e política, e tudo isso firmemente arraigado em solo nacional. Um passo importante na minha reconciliação com o Brasil.

4. As raízes do romantismo, de Isaiah Berlin (São Paulo: Três Estrelas, 2015). Uma exposição muito erudita e profundamente perspicaz sobre um momento transformador na história do Ocidente, feita por uma personalidade intelectual pra lá de interessante.

5. True Spirituality [Verdadeira espiritualidade], de Francis A. Schaeffer (Wheaton: Tyndale House, 1971). O caráter simples e sublime da espiritualidade cristã captado com maestria por esse grande mestre em um de seus melhores momentos.

6. Por que creio em Deus, de Cornelius Van Til (Brasília: Monergismo, 2012); emprestado pelo Fernando Pasquini. Obra apologética encantadora por sua intensa pessoalidade e boa intransigência.

7. Do shabbath para o dia do Senhor, de D. A. Carson (org.) (São Paulo: Cultura Cristã, 2006). Obra um tanto polêmica, mas de elevado nível acadêmico e cheia de insights preciosos sobre um tema importante.

8. The Idea of Nature [A ideia de natureza], de R. G. Collingwood (Nova York: Oxford University Press, 1960). Esse pequeno grande livro é uma abordagem extremamente esclarecedora sobre um tema difícil: a história das filosofias da natureza. Eu poderia passar uma vida aprendendo com esse professor.

9. Mao: a história desconhecida, de Jung Chang e Jon Halliday (São Paulo: Companhia das Letras, 2012). Obra muito bem escrita e documentada sobre o maior genocida de todos os tempos. Expõe a face sempre horripilante do totalitarismo em um de seus piores momentos. Ensina e faz pensar muito.

10. Mentira romântica e verdade romanesca, de René Girard (São Paulo: É Realizações, 2009); presente da Norma. Situado em algum lugar entre a crítica literária e a antropologia filosófica, esse livro traz uma das descrições mais apavorantes que já li do mal que há no coração humano. Mas também um dos vislumbres mais pungentes que já li sobre a natureza de sua redenção.