domingo, 20 de novembro de 2011

Levítico

Tendo concluído a leitura do comentário de Calvino à Epístola aos Hebreus, dei início à leitura de Levítico, um livro do Antigo Testamento muito relacionado à epístola anônima. O comentário de que me sirvo agora é Levítico: introdução e comentário, de Roland K. Harrison, professor de Antigo Testamento no Wycliffe College, da Universidade de Toronto. A edição brasileira é parte da excelente Série Cultura Bíblica - também conhecida como "comentários das bolinhas", em alusão à capa.

Na introdução de vinte e poucas páginas, Harrison traz um excelente panorama do livro a ser estudado, contendo considerações sobre a natureza da obra, sua autoria e data de composição, sua unidade, seu propósito, sua teologia, sua relação com o Novo Testamento e algumas questões referentes aos melhores manuscritos disponíveis. (O autor endossa o ponto de vista de Gleason Archer, isto é, que o Texto Massorético é geralmente, embora nem sempre, mais confiável que o Texto Samaritano e os textos aparentados à Seputaginta. Escrevi sobre isso aqui.) Merece destaque a excelente exposição, embora não minuciosa, das falácias dos métodos hermenêuticos liberais que, seguindo a abordagem de Astruc, Graf e Wellhausen, atacaram violentamente a unidade do texto e postularam uma composição tardia, entre os séculos IX a V a.C. - negando, portanto, a autoria mosaica, quando não a própria existência de Moisés.

Apesar de tudo isso ser muito interessante, a parte de que mais gostei foi a apreciação teológica. O trecho seguinte traz um belo resumo da ainda mais bela mensagem fundamental transmitida pelo terceiro livro da Lei:

"A legislação geral de Levítico demonstra que toda a vida é vivida sob o olhar vigilante de Deus e, como resultado, não faz nenhuma diferenciação artificial entre o que é santo e o que é secular. Um povo santo transformará pela sua vida coisas terrestres comuns em ofertas belas e aceitáveis diante de Deus. Mediante a habitação dEle dentro deles, serão revestidos de poder para administrar a graça da aliança uns aos outros e para aqueles que estão fora da nação de Israel, conforme surge a oportunidade. O alvo subjacente do ensino é, portanto, garantir que a santidade de Deus possa regular e dirigir cada área da atividade humana."

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