As duas maiores descobertas do ano foram Herman Dooyeweerd e Jay Adams.
Sabe aqueles autores que você sente que se tornarão "amigos" - ou seja,
leituras constantes durante toda a vida? Esse é o caso. (Gostaria de
dizer o mesmo de Schlossberg, mas ele não é um autor prolífico. Escreva
mais, Schlossberg!) Van Til, descoberto em 2012, entra também nesta
lista de autores amigos.
Cornelius Van Til, A Survey of Christian Epistemology - Uma das citações
mais belas de Van Til neste livro é: “O conhecimento do homem é uma
reinterpretação da interpretação de Deus." Em cada um de seus livros,
aprofunda-se a verdade enunciada por Calvino (Institutas - Livro I) de
que o conhecimento de Deus (positivo ou negativo) é a base para toda
cosmovisão. Estimulo você a buscar o porquê em sua obra.
Herman Dooyeweerd, Roots of Western Culture - Um dos livros de minha
vida. Aprofunda a questão do motivo bíblico Criação, Queda e Redenção,
abordando filosoficamente a ênfase que Van Til explora na teologia.
Respondeu a muitos questionamentos antigos meus. Além disso, é uma bomba
eficientíssima contra o racionalismo moderno.
Aldous Huxley, Admirável mundo novo - Romance instigante, do tipo que se
lê de uma sentada. Fundamental para quem quer refletir sobre as várias
formas de totalitarismo.
Czeslaw Milosz, Mente cativa - Quando um poeta escreve sobre o
totalitarismo comunista que viveu em seu país, a Polônia, o que acontece? História a partir de uma visão
nem um pouco árida. Bela obra, sempre a ser revisitada.
Jess Walter, A vida financeira dos poetas - Nós, cristãos, estamos
marcando touca: o autor nem é crente, mas trata o tema como se deve.
Romance engraçado que me emocionou no final. Mais não digo, porque
estraga. Atenção: não recomendo para olhos sensíveis a palavrões.
Scott Fitzgerald, O grande Gatsby - Na verdade, nem assisti ao filme (que
recebeu muitas críticas negativas), mas aproveitei o acesso fácil ao
romance devido à popularidade. Não me arrependi. Um clássico que me
tocou muito, estimulando minhas reflexões sobre idolatria.
Herbert Schlossberg, Idols for Destruction - Falei bastante dele no meu blog
este ano. Imperdível para quem quer compreender as idolatrias
contemporâneas.
Os Guinness, Dust of Death - Se você já percebeu que o irracionalismo da
pós-modernidade é a resposta extremada ao racionalismo típico do
pensamento ocidental, esse livro (cujo nome é tirado do Salmo 22: "Tu me
deitas no pó da morte") vai lhe fornecer muitos subsídios para
compreender o processo e elaborar respostas consistentes para nossos
dias.
Caroline Weber, Rainha da moda: como Maria Antonieta se vestiu para a
Revolução - Obra original que entrelaça um período tão conturbado da
história a um assunto aparentemente "fútil", a moda, mostrando como as
roupas eram fortes símbolos na França do Antigo Regime. O modo cruento
com que a rainha foi condenada à morte lançou luzes sobre o fenômeno do
bode expiatório, de que já tratei bastante em meu blog.
Jay Adams, A Theology of Christian Counseling: More than Redemption -
Com sua ênfase no aconselhamento bíblico, mas de um modo não restrito a essa tarefa, Adams consegue mostrar muitos reflexos experenciais da
teologia em nossa vida, iluminando aquelas áreas sombrias e desatando alguns nós da intrincada tarefa da aplicação. Fundamental para uma época que separa demais teoria e vida.
Digna de nota é a presença de três obras literárias nesta lista, além de
uma biografia e uma obra de um poeta. Não só como professora de
literatura, mas como escritora, recomendo fortemente que você inclua
romances, poemas, biografias e narrativas em geral em suas listas de
leitura. As obras teóricas (argumentativas) não suprem todas as nossas
necessidades intelectuais e emocionais. Se sua área é a teologia, você
vai precisar certamente do "pé no chão" que a boa literatura
proporciona. Além disso, pesquise a vida de seus autores teóricos
preferidos: dificilmente algum deles terá prescindido da leitura de
obras literárias. A falta de cultura literária é um dos grandes flagelos
intelectuais de nossa época e só reforça a tendência do cristão que
foge do irracionalismo atual refugiando-se no racionalismo de tempos
idos. Previna-se.
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Norma,
ResponderExcluirVc poderia fazer um post mais aprofundado no seu site sobre "... e só reforça a tendência do cristão que foge do irracionalismo atual refugiando-se no racionalismo de tempos idos.", ou me indicar alguns de seus posts que tocam nesse assunto. Na minha ignorância pergunto: O que é o "racionalismo de tempos idos?" Obrigado.
Que nesse novo ano sua "caneta" continue fluindo para nossa edificação e para a glória de Deus.
Oi, Rauni! Veja o que já escrevi sobre o tema:
ResponderExcluirhttp://normabraga.blogspot.com.br/search?q=racionalismo
Ainda pretendo abordá-lo com mais profundidade no futuro. Quer uma dica? Estude Cornelius Van Til! Ele explora o tema de um modo maravilhoso. Aprendi muito com ele.
Deus o abençoe e feliz 2014!
"Ó, maravilha!
ResponderExcluirQue adoráveis criaturas aqui estão!
Como é belo o gênero humano!
Ó ADMIRÁVEL MUNDO NOVO
Que possui gente assim!”
(William Shakespeare, A Tempestade, Ato V)
Li recentemente Admirável mundo novo, Aldous Huxley, com prefácio de Olavo de Carvalho.
Como diz aquele apóstolo dos novos tempos: Ô doido!
Graça e paz.
Marcelo Hagah
João Pessoa-PB