quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

The fractal geometry of nature VIII

Esta postagem tem, de certa forma, relação com a anterior sobre o mesmo livro. Mandelbrot faz um comentário que dá o que pensar sobre a capacidade dos matemáticos de julgar o valor do trabalho dos colegas, ou mesmo do seu próprio. (Não vejo razão, aliás, que me impeça de estender a mesma consideração a todas as categorias de cientistas.) Esse trecho aparece logo depois de o autor contar que o brilhante matemático francês Paul Lévy demorou 25 anos para publicar uma importante descoberta por julgá-la sem grande valor, já que sua demonstração era muito simples. A fim de compreender adequadamente o trecho a seguir, convém ter em mente que, em linguagem matemática, os lemas são uma categoria de teoremas cuja demonstração é mesmo relativamente fácil, e geralmente são enunciados como parte da demonstração de teoremas no sentido pleno da palavra, que são mais complexos.

"A propósito de resultados que são 'simples demais para ser publicados', a frase aparece com frequência nas coletâneas de trabalhos de Lévy. Muitas mentes criativas superestimam seus trabalhos mais barrocos e subestimam os mais simples. Quando a história inverte tal julgamento, escritores prolíficos passam a ser mais lembrados como autores de 'lemas', de proposições que eles haviam considerado 'simples demais' em si mesmas e as publicaram apenas como prelúdios a teoremas esquecidos."

2 comentários:

  1. Talvez a consideração de Mandelbrot se estenda até para além das ciências: para a música, a literatura, as artes em geral. Hoje mesmo eu vi um documentário que tratava do ódio que Ravel tinha pelo famoso "Bolero", que nem é tão mau assim, mas que ele julgava uma obra inferior às demais, embora as tivesse obscurecido.

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  2. Pois é, Gustavo. Parece não parece haver área alguma na qual mesmo os grandes possam saber com certeza o que permanecerá de seus trabalhos para a posteridade.

    Abraços!

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