No final da edição que tenho, traduzida por um tal W. V. Cooper, há alguns poucos fatos sobre a vida do autor: Boécio nasceu na Itália em 470, membro de uma família nobre. Teve uma brilhante carreira política e financeira, tendo ascendido à posição de cônsul aos quarenta anos. Perturbou os interesses de algumas pessoas poderosas e foi preso, exilado, torturado e executado injustamente em 526. Foi durante o período de exílio que Boécio escreveu o livro; há menções à sua má fortuna no livro, e é justamente disso que a dama vem consolá-lo. Saber disso permite uma apreciação mais justa do valor da obra, e de todos os argumentos aduzidos ao longo do livro quanto à superioridade intrínseca da sorte do justo sobre a do injusto, a despeito de todas as adversidades. Boécio descobriu isso no fundo de um poço de humilhação e sofrimento, e não do alto de uma vida cheia de conforto.
O autor da nota editorial faz bem em ressaltar que, embora o autor fosse cristão, a obra em si assume uma perspectiva que creio poder definir como "monoteísmo pagão". De fato, Boécio não desejou incluir elementos especificamente cristãos em sua obra, e derivou sua inspiração dos velhos filósofos e poetas gregos e latinos. Platão é a figura mais proeminente, mas também há mais de uma menção a Homero, Anaxágoras, Sócrates, Aristóteles, Zenão, Eurípides, Horácio e Sêneca. Em outras obras, contudo, o cristianismo de Boécio se manifestou com maior brilho. Ele escreveu, por exemplo, um tratado defendendo a doutrina da Trindade, em oposição ao arianismo; escreveu também contra os nestorianos. Há, contudo, quem creia que Boécio de fato não era cristão, e que as obras de cunho especificamente cristão a ele atribuídas são, na verdade, obras de outros autores.
Seja como for, Boécio era um homem erudito e de interesses amplos: além do trabalho teológico e filosófico, pessoalmente traduziu para o latim várias obras de Aristóteles e três de Euclides; ele próprio escreveu tratados sobre matemática, mecânica, música e astronomia.
O autor da nota editorial faz bem em ressaltar que, embora o autor fosse cristão, a obra em si assume uma perspectiva que creio poder definir como "monoteísmo pagão". De fato, Boécio não desejou incluir elementos especificamente cristãos em sua obra, e derivou sua inspiração dos velhos filósofos e poetas gregos e latinos. Platão é a figura mais proeminente, mas também há mais de uma menção a Homero, Anaxágoras, Sócrates, Aristóteles, Zenão, Eurípides, Horácio e Sêneca. Em outras obras, contudo, o cristianismo de Boécio se manifestou com maior brilho. Ele escreveu, por exemplo, um tratado defendendo a doutrina da Trindade, em oposição ao arianismo; escreveu também contra os nestorianos. Há, contudo, quem creia que Boécio de fato não era cristão, e que as obras de cunho especificamente cristão a ele atribuídas são, na verdade, obras de outros autores.
Seja como for, Boécio era um homem erudito e de interesses amplos: além do trabalho teológico e filosófico, pessoalmente traduziu para o latim várias obras de Aristóteles e três de Euclides; ele próprio escreveu tratados sobre matemática, mecânica, música e astronomia.
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