"Eu não acredito que a pobreza extrema seja um impedimento à participação na democracia. Nós temos, na Índia, centenas de milhões de analfabetos. Este número diminuiu, é claro, mas no começo da democracia indiana era essa a situação. Mas, como eleitores, eles sabiam muito bem o que queriam e esse seria o motivo para impor-lhes uma ditadura. Agora, se vocês quiserem uma explicação, a compreensão da situação em que nós estamos, ou seja, designar um dirigente que parece compreender os interesses do povo; na pobreza é melhor poder designar os seus dirigentes do que não. Vejo que este é um argumento que sempre me deixou estupefato: que a pobreza seja um obstáculo ao exercício da democracia ou dos direitos democráticos. Acho que, pelo contrário, é uma razão a mais para se ter a democracia. Pois o que é a democracia? É poder designar os seus próprios dirigentes e poder retirá-los, quando não estamos satisfeitos. Parece que são os pobres que têm mais necessidade disso do que os ricos, porque eles, os pobres, sofrem mais sob governos ruins. Portanto, acredito que a democracia é um remédio para o desenvolvimento e não um luxo que tem que ser atingido para o dia em que formos ricos."
(O Estado e o indivíduo, org. por Carlos Tavares e Mario Chamie, São Paulo, Serviço Social do Comércio, 1985, p. 30-31)
(O Estado e o indivíduo, org. por Carlos Tavares e Mario Chamie, São Paulo, Serviço Social do Comércio, 1985, p. 30-31)
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