O livro se encerra com o décimo primeiro capítulo, intitulado A localização da referência suprema e os atributos de Deus: um debate atual. Boa parte do capítulo é dedicada a uma análise dos rumos preocupantes de certos segmentos da teologia moderna, exemplificados na trajetória intelectual de Clark Pinnock, ex-aluno de ninguém menos que F. F. Bruce (eu não sabia dessa). Merece destaque a análise de um debate, publicado no livro Theological crossfire, entre Pinnock e Delwin Brown, um liberal e adepto da teologia do processo que atacou magistralmente a meia ortodoxia que Pinnock sustentava na época (1990) e que, ao que parece contribuiu para a deriva deste em direção a posições cada vez menos bíblicas. O capítulo é muito bom; embora eu discorde de uma de suas afirmações centrais - a de que é contraditório sustentar ao mesmo tempo que Deus é bom porque deseja o bem e que o bem é bom por ser desejado por Deus -, o capítulo é muito bom, e o livro foi muito bem encerrado.
Este ainda não é o último post sobre essa obra de Wright, mas já é tempo de dizer que é um bom livro. Quem leu com atenção esta série de postagens percebeu que, embora eu tenha reservas que considero de não pequena importância, também aprendi dele várias lições valiosas. Encerro este post com mais uma, na qual fica claro o preço que pagamos por entender a mente de Cristo de modo demasiado superficial, seja por desprezar a precisão doutrinária, seja por achar que ela é suficiente por si só em nossa batalha contra o mundo. No parágrafo abaixo, Wright mostra a urgência de buscarmos uma cosmovisão integralmente bíblica.
"Há diversas razões pelas quais essa questão não é enfrentada de modo adequado hoje. A primeira é o antiintelectualismo subjacente de muitos, juntamente com a perda da confiança nas formulações doutrinárias. Os pragmáticos evangélicos modernos portam-se como se pudéssemos nos dar bem sem formulações doutrinárias claras. Segunda, muitos evangélicos não possuem nenhum conhecimento da história do sincretismo perene com o humanismo através dos anos e simplesmente confiam que a teologia conseguirá guardar-se incontaminada do mundo por limitar-se a um punhado de fundamentos-chave. Mas a história mostra algo diferente. Isso não funcionou na igreja primitiva, quando esse fundamento era o Credo Apostólico. Não funcionou na era puritana, quando John Owen discutiu com Richard Baxter a respeito das exigências mínimas para uma igreja estatal razoavelmente abrangente. Não funcionou nos anos 20, quando os fundamentalistas redigiram uma pequena lista de cinco, sete ou dez fundamentos para formar o último muro de defesa contra o modernismo."
No próximo post, encerrarei esta série com duas citações extremamente importantes, que demonstram acima de toda dúvida o valor do capítulo.
Este ainda não é o último post sobre essa obra de Wright, mas já é tempo de dizer que é um bom livro. Quem leu com atenção esta série de postagens percebeu que, embora eu tenha reservas que considero de não pequena importância, também aprendi dele várias lições valiosas. Encerro este post com mais uma, na qual fica claro o preço que pagamos por entender a mente de Cristo de modo demasiado superficial, seja por desprezar a precisão doutrinária, seja por achar que ela é suficiente por si só em nossa batalha contra o mundo. No parágrafo abaixo, Wright mostra a urgência de buscarmos uma cosmovisão integralmente bíblica.
"Há diversas razões pelas quais essa questão não é enfrentada de modo adequado hoje. A primeira é o antiintelectualismo subjacente de muitos, juntamente com a perda da confiança nas formulações doutrinárias. Os pragmáticos evangélicos modernos portam-se como se pudéssemos nos dar bem sem formulações doutrinárias claras. Segunda, muitos evangélicos não possuem nenhum conhecimento da história do sincretismo perene com o humanismo através dos anos e simplesmente confiam que a teologia conseguirá guardar-se incontaminada do mundo por limitar-se a um punhado de fundamentos-chave. Mas a história mostra algo diferente. Isso não funcionou na igreja primitiva, quando esse fundamento era o Credo Apostólico. Não funcionou na era puritana, quando John Owen discutiu com Richard Baxter a respeito das exigências mínimas para uma igreja estatal razoavelmente abrangente. Não funcionou nos anos 20, quando os fundamentalistas redigiram uma pequena lista de cinco, sete ou dez fundamentos para formar o último muro de defesa contra o modernismo."
No próximo post, encerrarei esta série com duas citações extremamente importantes, que demonstram acima de toda dúvida o valor do capítulo.
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