quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Piper sobre Lewis: por que vale a pena sua leitura

Para quem, como nós, preza pela herança reformada ou simplesmente endossa uma teologia bíblia ortodoxa, Lewis tinha muitos defeitos: para começar, não acreditava na inerrância das Escrituras; entendia que a Reforma deveria ter sido evitada; pensava que poderia haver salvação nas representações imperfeitas de Cristo em outras religiões; explicava a dor humana por meio do livre-arbítrio; não era muito chegado a uma exegese cuidadosa. Essas são algumas das objeções que John Piper levanta sobre Lewis. No entanto, a isso se segue uma emocionante manifestação de gratidão a esse autor, que pode ser resumida em oito lições. Gostei tanto dessas lições que as traduzo aqui para vocês. Quem puder e tiver interesse, leia o texto todo de Piper, em inglês, aqui.
  1. Liberação de falsas dicotomias;
  2. Liberação do esnobismo cronológico;
  3. Despertamento para as maravilhas da realidade;
  4. Os perigos da introspecção;
  5. A incompletude do dever sem o deleite;
  6. O vale doloroso do autoconhecimento:
  7. Histórias são uma delícia, mas não são tudo;
  8. A glória de ser simplesmente humano.
De minha parte, comecei a me libertar das falsas dicotomias com Francis Schaeffer, A morte da razão, que há dez anos iniciou em mim toda uma série de preciosas reflexões sobre os dualismos modernos. O esnobismo cronológico (típico aliás das esquerdas, que vivem de um futuro ideal imaginário e precisam acreditar que hoje estamos melhor que ontem) é algo que nunca cultivei com seriedade. Também nunca fui introspectiva demais (o André poderá falar melhor sobre isso), nem busquei uma vida de deveres sem prazeres. Quanto à dor do autoconhecimento, vivo-a sempre, embora aprenda as minhas lições menos rápido que deveria (e graças a Deus por James Houston, que me tranquilizou quanto à lentidão do crescimento espiritual). Nunca coloquei a ficção acima da realidade, mas tenho a tendência de me refugiar em inconsciências de vez em quando - hoje, Deus tem me ajudado a sair delas antes que me afoguem. Agora, por ser naturalmente dada a um temperamento melancólico, preciso aprender muito, muito, muito sobre a Alegria (que se tornaria o centro das pregações de Piper), o maravilhamento e a glória de ser simplesmente humana, permitindo que Deus, e não eu, seja o centro de minha vida. É por isso que ler Piper me faz tão bem, e é por isso que, apesar das inconsistências teológicas de Lewis, eu o recomendo e reconheço que preciso continuar a lê-lo.

    4 comentários:

    1. Norma, que maravilha!
      Lewis me encanta por suas incríveis alegorias, ainda me surpreendo e me apaixono por elas, para mim são como que o toque mágico em algumas leituras.
      Muito legal reconhecer no seu texto esta "persistência" no autor, apesar de seus conhecidos pontos de conflito com a teologia reformada.
      E por fim, muito bom, mais uma vez, ler um trecho da sua história.

      Um abraço!
      Ivny

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    2. Opa! Sou fããã do Lewis, sua coletânea de cartas (terceiro volume) acabou de chegar em casa, tenho vários livros dele (cadê a trilogia espacial???) mas também tenho meus desacordos com ele, claro, ao comparar com a mensagem bíblica.

      O que mostra que mesmo os grandes homens de Deus erram.

      Abraços.

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    3. Olá Norma,

      O Rev. Kevin DeYoung, que leio sempre, também escreveu um comentário sobre este texto de Piper e que acho que você vai gostar. Vide aqui.

      Também falei deste texto em meu blog. É muuuito bom mesmo. Abraços.

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