O Livro II consiste de um diálogo que está mais para monólogo, no qual a Filosofia discursa sobre a instabilidade da fortuna que acomete os homens, de modo que o homem só pode ser feliz de fato na medida em que coloca seu coração naquilo que é permanente e que independe do que lhe sucede. O texto parece, dessa forma, fazer uma aplicação cristianizada de certos princípios do estoicismo. No trecho abaixo, a Filosofia argumenta que nenhum homem pode alcançar a felicidade plena, mas que o sábio pode sempre encontrar motivos para a alegria autêntica. O final do trecho traz ecos da verdade bíblica de que todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus.
"Que felicidade está tão firmemente estabelecida que não enfrente altercações de lado algum para salvaguardar seu patrimônio? Pois a condição de nosso bem-estar é um assunto a ser cercado de cuidados: sua plenitude nunca aparece, ou então nunca permanece. A riqueza de um homem é abundante, mas seu nascimento e criação lhe causam vergonha. Um outro é famoso por sua origem nobre, mas prefereria ser desconhecido, pois sua vida é dificultada por seus recursos escassos. Um terceiro é abençoado com riqueza e boa criação, mas lamenta por sua vida porque não tem esposa. Outro é feliz em seu casamento, mas não tem filhos, e poupa sua riqueza para um herdeiro que não é seu filho. Outro é abençoado com filhos, mas derrama lágrimas de tristeza pelos erros de um filho ou de uma filha. Portanto, ninguém se encontra facilmente em paz com a sorte que a fortuna lhe reserva. Pois em cada caso há algo que é desconhecido para quem não o experimentou, mas que traz horror ao que o experimentou. Considera ainda que os sentimentos dos homens mais felizes são os mais facilmente afetados, já que, a menos que todos os seus desejos sejam satisfeitos, tais homens, sendo desacostumados a toda adversidade, são humilhados por toda pequena inquietação; muito pequenos são os problemas capazes de roubar-lhes a felicidade completa. Quantos julgas que são os que se considerariam elevados ao céu se a menor parte dos remanescentes de tua fortuna caísse sobre eles? Este mesmo lugar, que chamas de exílio, é o lar para aqueles que aqui vivem. Assim, nada é miserável a menos que o consideres assim; e, de modo semelhante, aquele que tudo suporta com uma mente calma acha sua sorte totalmente bendita."
"Que felicidade está tão firmemente estabelecida que não enfrente altercações de lado algum para salvaguardar seu patrimônio? Pois a condição de nosso bem-estar é um assunto a ser cercado de cuidados: sua plenitude nunca aparece, ou então nunca permanece. A riqueza de um homem é abundante, mas seu nascimento e criação lhe causam vergonha. Um outro é famoso por sua origem nobre, mas prefereria ser desconhecido, pois sua vida é dificultada por seus recursos escassos. Um terceiro é abençoado com riqueza e boa criação, mas lamenta por sua vida porque não tem esposa. Outro é feliz em seu casamento, mas não tem filhos, e poupa sua riqueza para um herdeiro que não é seu filho. Outro é abençoado com filhos, mas derrama lágrimas de tristeza pelos erros de um filho ou de uma filha. Portanto, ninguém se encontra facilmente em paz com a sorte que a fortuna lhe reserva. Pois em cada caso há algo que é desconhecido para quem não o experimentou, mas que traz horror ao que o experimentou. Considera ainda que os sentimentos dos homens mais felizes são os mais facilmente afetados, já que, a menos que todos os seus desejos sejam satisfeitos, tais homens, sendo desacostumados a toda adversidade, são humilhados por toda pequena inquietação; muito pequenos são os problemas capazes de roubar-lhes a felicidade completa. Quantos julgas que são os que se considerariam elevados ao céu se a menor parte dos remanescentes de tua fortuna caísse sobre eles? Este mesmo lugar, que chamas de exílio, é o lar para aqueles que aqui vivem. Assim, nada é miserável a menos que o consideres assim; e, de modo semelhante, aquele que tudo suporta com uma mente calma acha sua sorte totalmente bendita."
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