Enfim concluí a leitura do livro, e escrevo agora para resumir minhas impressões. O livro foi suficientemente instigante para merecer dezesseis posts, incluindo três mais longos que acabaram indo para meu outro blog. Isso é particularmente notável, já que a política ocupa, em minha lista de interesses, uma posição muito abaixo da teologia, da filosofia, da literatura, da história e da ciência, por exemplo.
De modo geral, o livro satisfez a expectativa produzida em minha mente pela leitura dos comentários iniciais de Mary McCarthy e a resposta do próprio Revel. No final do primeiro post sobre o livro, escrevi:
"Tenho uma impressão preliminar de que, embora seja provável que ele confundirá algumas coisas, considerando bons alguns fatos que são ruins e vice-versa, a essência do que ele diz é correto e pertinente: parece que a maior parte das grandes transformações que têm conquistado o mundo vem dos Estados Unidos. E isso inclui as boas, as ruins, as boas que muitos consideram ruins e as ruins que muitos consideram boas."
Agora, porém, posso ser mais preciso. Revel nutria uma admiração lamentável pela esquerda americana, atribuindo a ela muitos dos méritos que na verdade pertencem à oposição conservadora, e possuindo sobre o movimento conservador a mesma opinião flagrantemente falsa sustentada pela esquerda no mundo todo. Em particular, ele considerou a esquerda americana amiga das liberdades, e os conservadores como censores. Eu gostaria de saber o que ele diria hoje, quando a inversão da realidade contida nessa opinião se tornou muito mais patente. Tenho esperança de que, depois de 1970, Revel tenha modificado suas posições quanto ao conservadorismo e a esquerda americana, pois ele me pareceu sensato e bem informado demais para continuar ignorando a verdade por mais 36 anos (pois Revel morreu em 2006).
Não devo encerrar sem um breve esclarecimento sobre o título do livro, cuja razão de ser permaneceu enigmática até o último capítulo, que traz o mesmo nome. Na verdade, o título não é explicado diretamente em parte alguma, mas creio que se refere ao rumo que Revel cria (ou pelo menos esperava) que seria tomado pelo mundo, seguindo a iniciativa e a liderança dos Estados Unidos. O filósofo francês procura demonstrar que as possibilidades que se abrem nesse país não se enquadram nos esquemas precedentes já vividos ou tentados pela humanidade: ali não há um conservadorismo capitalista solidamente instalado sem contestação séria, e tampouco há um espírito revolucionário ditado pelas categorias ultrapassadas do século XIX. Jesus e Marx simbolizam e personificam essas duas tendências, que são os dois únicos polos captáveis pela mente esquerdista tradicional, incapaz de conceber algo fundamentalmente distinto de ambas. Eis a razão pela qual ninguém na Europa Ocidental dos anos 60 conseguia entender direito o que realmente se passava na América. E foi a fim de esclarecer isso que Revel escreveu o livro.
Para encerrar, acrescento que eu recomendaria a leitura desse livro a um esquerdista: embora seja também esquerdista, Revel pode ser muito salutar para uma cabeça intoxicada de marxismo.
De modo geral, o livro satisfez a expectativa produzida em minha mente pela leitura dos comentários iniciais de Mary McCarthy e a resposta do próprio Revel. No final do primeiro post sobre o livro, escrevi:
"Tenho uma impressão preliminar de que, embora seja provável que ele confundirá algumas coisas, considerando bons alguns fatos que são ruins e vice-versa, a essência do que ele diz é correto e pertinente: parece que a maior parte das grandes transformações que têm conquistado o mundo vem dos Estados Unidos. E isso inclui as boas, as ruins, as boas que muitos consideram ruins e as ruins que muitos consideram boas."
Agora, porém, posso ser mais preciso. Revel nutria uma admiração lamentável pela esquerda americana, atribuindo a ela muitos dos méritos que na verdade pertencem à oposição conservadora, e possuindo sobre o movimento conservador a mesma opinião flagrantemente falsa sustentada pela esquerda no mundo todo. Em particular, ele considerou a esquerda americana amiga das liberdades, e os conservadores como censores. Eu gostaria de saber o que ele diria hoje, quando a inversão da realidade contida nessa opinião se tornou muito mais patente. Tenho esperança de que, depois de 1970, Revel tenha modificado suas posições quanto ao conservadorismo e a esquerda americana, pois ele me pareceu sensato e bem informado demais para continuar ignorando a verdade por mais 36 anos (pois Revel morreu em 2006).
Não devo encerrar sem um breve esclarecimento sobre o título do livro, cuja razão de ser permaneceu enigmática até o último capítulo, que traz o mesmo nome. Na verdade, o título não é explicado diretamente em parte alguma, mas creio que se refere ao rumo que Revel cria (ou pelo menos esperava) que seria tomado pelo mundo, seguindo a iniciativa e a liderança dos Estados Unidos. O filósofo francês procura demonstrar que as possibilidades que se abrem nesse país não se enquadram nos esquemas precedentes já vividos ou tentados pela humanidade: ali não há um conservadorismo capitalista solidamente instalado sem contestação séria, e tampouco há um espírito revolucionário ditado pelas categorias ultrapassadas do século XIX. Jesus e Marx simbolizam e personificam essas duas tendências, que são os dois únicos polos captáveis pela mente esquerdista tradicional, incapaz de conceber algo fundamentalmente distinto de ambas. Eis a razão pela qual ninguém na Europa Ocidental dos anos 60 conseguia entender direito o que realmente se passava na América. E foi a fim de esclarecer isso que Revel escreveu o livro.
Para encerrar, acrescento que eu recomendaria a leitura desse livro a um esquerdista: embora seja também esquerdista, Revel pode ser muito salutar para uma cabeça intoxicada de marxismo.
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