"Todas as coisas que contribuem para o enriquecimento desta presente vida são sagrados dons divinos, mas as contaminamos pelo nosso mau uso delas. Se quisermos saber por que razão, a resposta é que estamos sempre entretendo a ilusão de que continuaremos perenemente neste mundo. O resultado é que as mesmas coisas que nos devem ser assistenciais, em nossa peregrinação ao longo da vida, se transformam em cadeias que nos escravizam. A fim de acordar-nos de nosso torpor, o apóstolo corretissimamente nos convida a uma retrospecção sobre a brevidade desta vida. Disto ele deduz que a maneira pela qual devemos fazer uso de todas as coisas deste mundo é pela consciência de que não as possuímos. Pois aquele que pensa em si próprio como sendo um estranho que atravessa este mundo usa as coisas que lhe pertencem como se elas pertencessem a outro; em outras palavras, coisas que são em caráter de empréstimo por apenas um dia. A questão é que a mente do cristão não deve entulhar-se de imagens das coisas terrenas, ou encontrar satisfação nelas, porquanto devemos viver a vida como se fôssemos deixar este mundo a qualquer momento."
(comentário a 1 Coríntios 7.29, em 1 Coríntios, São Paulo, Edições Paracletos, 1996, p. 230-231)
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