quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A soberania banida IX

O capítulo oito, Uma expiação eficaz, trata não só sobre o tema da expiação limitada, mas sobre a doutrina da expiação em geral. Achei seu tratamento um tanto superficial e incompleto; a melhor abordagem resumida que conheço sobre o tema ainda é a de Louis Berkhof em sua Teologia sistemática. Apesar disso, o capítulo é bom, especialmente ao ressaltar que qualquer teoria que negue o valor penal e vicário objetivo do sacrifício de Cristo acaba contendo, de um modo ou de outro, elementos de uma teoria do exemplo moral. É o caso da teoria governamental do arminiano Hugo Grotius, pela qual, segundo Wright, Deus pretendia, com o sacrifício de Cristo, apenas induzir os pecadores ao arrependimento demonstrando-lhe a pena merecida por seu pecado.

Aproveito para comentar também o nono capítulo, denominado Há 'versículos arminianos' na Bíblia?. Não gostei muito dele, especialmente porque ali Wright me acrescentou pouquíssima coisa e destilou de novo seu racionalismo segundo as linhas que já critiquei nas postagens anteriores. Mas valeu a pena por essa citação de The Death of Death in the Death of Christ, livro de John Owen que ainda preciso ler:

"Deus impôs a sua ira devida aos homens, e por causa dela Cristo suportou as dores do inferno, seja por todos os pecados de todos os homens, ou por todos os pecados de alguns homens, ou por alguns pecados de todos os homens. Se foi por essa última opção, todos os pecados de alguns homens, então todos os homens têm alguns de seus pecados pagos, e nenhum homem será salvo. [...] Se foi pela segunda opção, que é a que sustentamos, Cristo sofreu por todos os pecados de todos os eleitos no mundo. Se é a primeira, por que, então, não são todos libertos da punição de todos os seus pecados? [O arminiano] dirá: 'Por causa da incredulidade deles; eles não crerão'. Mas essa incredulidade é um pecado ou não? Se não, por que deveriam eles ser punidos por ela? Se é [um pecado], então Cristo sofreu a devida punição por ela (ou não?). Se sim, por que deve isso impedi-los, mais que seus outros pecados pelos quais ele morreu, de partilhar do fruto de sua morte? Se ele não morreu por esse pecado, então não morreu por todos os pecados deles."

2 comentários:

  1. André, faz um bom tempo que li esse livro, mas pelo que me lembro seu tratamento da expiação limitada é realmente superficial. Se não me falha a memória são poucas páginas.

    De qualquer forma, eu considero a expiação limitada como Owen a compreendia superada por Charles Hodge em sua TS e pelo exame crítico feito por Neil Chambers da "Morte da Morte".

    Grande abraço.

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  2. Caro Emerson, muito obrigado pelas indicações. Se Deus, quiser, eu as lerei futuramente.

    Abraços!

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