sábado, 17 de outubro de 2009

Fariseus de ontem e de hoje

Há alguns meses, enquanto eu pensava nas diferenças entre protestantismo e catolicismo, ocorreu-me que a mente judaica na época de Jesus se afastara tanto das Escrituras quanto, posteriormente, afastou-se a mente católica após algum tempo de constituição da igreja. Jesus acusava os fariseus – aqueles que, dentre os setores do judaísmo, ironicamente manifestavam maior apego pelo estudo da Bíblia disponível na época (o Antigo Testamento) – tanto de superficialidade no trato com os livros sagrados quanto de extrapolação, em geral para proveito próprio. Havia flagrantes contradições entre o ensino e o comportamento dos fariseus, de um lado, e a teologia e a moral das Escrituras, de outro – tantas contradições que poucos deles puderam reconhecer o Messias encarnado. Na teologia católica, que não podemos de modo algum acusar de antiintelectualista, importantes e inúmeras contradições em relação à Bíblia também são varridas para baixo de um tapete chamado, de modo um tanto impreciso, “tradição”: algo que evidencia um descaso intolerável com a Palavra de Deus.

Os cristãos protestantes não tiram do nada sua ênfase na leitura da Bíblia como sustentadora e abalizadora das questões da fé. Jesus não só a conhecia muito bem, mas, ao confrontar os fariseus, sempre o fazia com citações e/ou explanações aprofundadas desses textos. Quando a lemos e a ensinamos dessa maneira – como autoridade sobre tudo o mais – estamos nos mirando no exemplo de nosso Mestre. Porém, os fariseus modificavam ou adicionavam orientações à Palavra que adulteravam a vontade divina para seu povo. O resultado é catastrófico: Jesus aprova o hábito dessa leitura como suprema orientação espiritual (“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam...”), mas lamenta a cegueira que os impedia de reconhecer ali a verdade de Deus: “...e não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5.39).

E como vir a Jesus, sem primeiro examinar cuidadosamente (e com desejo pela verdade) o Livro que Dele testifica? Para os cristãos hoje, isso equivale a crer Nele de modo integral a partir do que está escrito (expressão bastante repetida por Ele), a confiar em Sua Palavra e vivê-la. Essa continuidade em relação à leitura da Palavra está evidenciada em Sua oração sacerdotal (Jo 17.20): “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra [sua é um pronome que se refere aos apóstolos: o testemunho e o ensino deles registrados na Bíblia, evidentemente].” No entanto, tal como os fariseus, os responsáveis pelo ensino e pela sistematização teológica na igreja católica leem mal as Escrituras, deixando passar sua pedra-de-toque quanto ao que significa a fé: crer não em si mesmo, nem na igreja erigida institucionalmente, para a salvação e a santificação, mas sim em Cristo e em sua obra na cruz.

Essas considerações me acompanharam todo esse tempo, até que eu encontrasse seu eco no livro de Alister McGrath, A vida de João Calvino, p. 87-88:

“À medida que a Reforma ganhava impulso, havia uma tendência crescente a considerar a Igreja Católica medieval como algo que se assemelhava aos piores aspectos do judaísmo posterior ao exílio. Ela não ensinava a justificação pelas obras da lei, que, segundo Paulo, havia sido o principal erro teológico do judaísmo? Um certo paralelo era observado entre o catolicismo medieval e o judaísmo, de um lado, e o evangelicalismo e o cristianismo do Novo Testamento, de outro. Assim como Paulo simbolizava a impetuosa transição do judaísmo para o cristianismo, sua conversão deveria ser tomada como um paralelo, no século XVI, por alguém que rompesse com seu passado católico para assumir, deliberada e decisivamente, uma ligação com a Reforma.”

Sim, tal como os reformadores, podemos identificar a religião degenerada da época de Jesus à visão católica pouco compromissada com a Palavra, tanto naqueles tempos como hoje. O ensino central das Escrituras é a justificação como obra divina, e não humana, doutrina já presente no Antigo Testamento, mas que surge em todo o seu esplendor no Novo Testamento, nas palavras do Cristo encarnado; surge também na explanação minuciosa e paciente do apóstolo Paulo a seus convertidos; está salpicada em toda a Bíblia, de modo mais ou menos evidente. O próprio Cristo afirma que as Escrituras testificam Dele. O que deveria ser toda a doutrina teológica cristã, a não ser um contínuo retorno à Palavra?

37 comentários:

  1. Olá, Norma.

    "Na teologia católica, que não podemos de modo algum acusar de antiintelectualista, importantes e inúmeras contradições em relação à Bíblia também são varridas para baixo de um tapete chamado, de modo um tanto impreciso, 'tradição'".

    Você menciona aqui o melhor e o pior do catolicismo.
    Recentemente fiz uma postagem para mencionar o respeito que tenho por certos pensadores católicos (que, aliás, foi muito mal recebida, como era de se esperar! rs). Conheci um agostiniano que tinha um discurso absolutamente reformado (calvinista). Impressionei-me com isso! Mesmo entre os tomistas, apesar das discordâncias mais claras, há muito o que se aproveitar de seu profundo pensamento. Enfim, eu aprendi a ter respeito por aqueles pensadores desta tradição que um amigo chama "sóbrios".
    Por outro lado, a religiosidade popular católica é tenebrosa (se bem que a evangélica também!). E é tão mais tenebrosa quanto mais se afasta da Palavra, como você bem descreve. E o pior é que ela encontra eco também entre os bons pensadores católicos (ou o eco vai na ordem inversa, não sei).

    Mas, enfim, eu quero ter diálogo com os sóbrios pensadores católicos. Até mesmo para não fazer deles a caricatura que geralmente se faz a nosso respeito. Porém sem ecumenismos, sem universalismo e, principalmente, sem síntese!

    No amor do Senhor,
    Roberto

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  2. Oi, Roberto!

    Seu comentário dá ensejo a muita coisa! Mas vou tentar me ater a apenas uma: o diálogo com os pensadores católicos "sóbrios". Há vários deles na lista aí ao lado. :-)

    Aprendo muito com eles (história, filosofia, política), mas há tempos tenho me conscientizado de que posso aproveitar muito pouco deles quanto à teologia. Cair nessa tentação é quase sempre desviar-se do que podemos aprender na Palavra. Sua penetração maior no "mercado das ideias" certamente se deve ao que Schaeffer chamou de "fé humanista", referindo-se ao catolicismo como uma síntese entre humanismo e cristianismo. Assim, os católicos tendem a sentir-se mais "dentro d'água" que nós com relação à cultura, por isso são mais conhecidos entre os intelectuais não-cristãos. No entanto, nós protestantes temos pensadores brilhantes com quem estamos geralmente em falta (pois são menos conhecidos nos ambientes universitários e não são muito traduzidos para o português), como Kuyper, Dooyeweerd, Clark. Qualquer protestante que louve os autores católicos em detrimento de uma pretensa "inteligência menor" dentro dos arraiais protestantes precisa pesquisar mais e se esforçar mais para ler o que não está tão "badalado". Não digo que seja esse o seu caso, mas algumas conversões de protestantes ao catolicismo que tenho presenciado fundamentam-se em geral nesse argumento.

    Abraços!

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  3. Excelente postagem, Norma.

    Abraço, em Cristo Jesus.

    Rouver Júnior.

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  4. Interessante mesmo esta comparação do autor, o que só me faz lembrar de algo que vez ou outra me ocorre na mente: os paralelos entre a história de Israel no AT e da Igreja, desde seu início até agora, cheia de altos e baixos: momentos de confusão, desvio, sofrimento, reforma e arrependimento. Abraços.

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  5. Oi, Norma!

    Parece mesmo que essa semelhança entre o judaísmo dos tempos de Jesus e o catolicismo estava bem clara na mente dos reformadores. Se bem me lembro, Calvino faz vários comentários desse tipo nas Institutas. Qualquer hora dessas, quando me faltar preguiça, vou ver se reencontro algum trecho assim.

    Com relação ao trecho destacado pelo Roberto e à sua resposta, devo admitir que já sustentei a opinião de que o problema do catolicismo estava sobretudo em sua versão "popular", e que por trás desta havia algo menos conhecido, um cristianismo meio esquisito, mas autêntico. Não penso mais assim. A Igreja Católica tem intelectuais brilhantes e tudo mais, mas já não posso confundir isso com espiritualidade.

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  6. Sim, André. E Roberto, nisso devo discordar também:

    "Por outro lado, a religiosidade popular católica é tenebrosa (se bem que a evangélica também!)."

    Em primeiro lugar, acho que o termo "religiosidade popular" deveria ser precisado. Afinal, os desvios da doutrina acontecem em todos os níveis, não só no popular.

    Em segundo lugar, a reação mais "douta" (no sentido de "esclarecida") a esses erros populares é muito diversa. No protestantismo temos teólogos abalizados e pastores indignados discorrendo o tempo todo sobre esses abusos - no púlpito, em livros e na internet - , de forma que o membro de igreja possa encontrar facilmente abrigo dessas coisas, basta buscar esclarecimento. Já no catolicismo há um gigantesco silêncio, conivente e condescendente, por parte da liderança, com relação a seus desvios. Um silêncio que dura séculos, quebrado apenas aqui e ali por vozes que logo se afastam daquele arraial, por não encontrar eco algum.

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  7. (Cont.) Tive a oportunidade de dizer a alguns amigos católicos que esse silêncio por parte das autoridades da igreja era verdadeiramente criminoso, pois fazia com que o povo se afundasse em uma religiosidade supersticiosa, autossacrificial e autopunitiva que, no mínimo, fazia muito mal para suas almas. Porém, como o católico parece não se esforçar muito para comunicar um consenso sobre como se dá a salvação - NEM seus intelectuais, diga-se -, o povo fica à mercê de si mesmo e do clero que promove essas coisas. Se algum católico estiver lendo isto e quiser me apresentar de modo sucinto e claro o plano de salvação segundo a igreja, com fontes mostrando que isso é o que igreja abaliza, agradeceria muito.

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  8. Boas observações, Norma! Creio que esse descaso pela péssima situação da religiosidade popular católica não é contingente, mas se fundamenta em pontos importantes da própria teologia católica. Destaco dois: a primazia dos sacramentos sobre a Palavra e o conceito de fé implícita. Ambas tornam secundária ou mesmo dispensável a instrução na doutrina que eles julgam verdadeira.

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  9. Tocou nos pontos certos, André. A instrução teológica é menos importante que muita coisa na igreja católica. Até a noção de "evangelização" própria a bom número de conservadores católicos é diferente da nossa. Eles creem em evangelizar sem falar de Jesus diretamente - algo que acaba sendo mais moral que propriamente espiritual, logo bastante difuso para a mente protestante.

    Notem os leitores que não estou desculpando o caos presente em algumas igrejas evangélicas do Brasil, que sequer deveriam receber o status de protestantes. No entanto, talvez possamos dizer que a maior parte dos piores defeitos dessas igrejas é inspirada na aculturação católica. Sobre isso, um post de Augustus Nicodemus é bem elucidativo:

    http://tempora-mores.blogspot.com/2006/11/alma-catlica-dos-evanglicos-no-brasil.html

    E finalmente: como protestantes, não nos sentimos no dever de nos defender institucionalmente (até porque não temos uma coesão institucional como a da igreja católica), mas sim pregar e valorizar a sã doutrina. Esse simples ponto já inviabiliza um acordo quanto aos pressupostos de qualquer discussão entre católicos e protestantes, já que para os católicos se trata de defender a igreja acima de tudo.

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  10. Uma postagem rica com comentários preciosos. Estou gostando do blog. Parabéns André e Norma!

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  11. Meus caros,

    Eu sempre acho esta reação exagerada. Isto normalmente me faria procurar uma defesa dos católicos maior que a necessária, não para realmente defendê-los, mas apenas para apontar este exagero. No entanto, acredito que, neste caso, isto não seja necessário.

    Primeiro porque eu nunca elogiei os pensadores católicos em detrimento dos reformados. Muito menos prefiro aqueles a estes. Ao contrário, se há que se determinar quem está com a razão e a quem prefiro ler, não haverá dúvida alguma quanto a isso! Apenas considero o diálogo salutar. Ah, e a propósito disso, um amigo me informa que há católicos estudando Kuyper e Dooyweerd... Quem sabe não haja a redenção do pensamento católico em algum lugar!?

    Segundo que há mesmo muita caricatura de parte a parte. Quero dialogar para que eu não faça caricatura, mas critique apenas o que deve ser criticado. Neste contexto, vocês mencionam a dívida da religiosidade popular com a omissão "sóbria". Por que considerariam vocês que eu discordaria disso?
    Aliás, André, não considero o problema do catolicismo a religiosidade popular (que, ora, Norma, é a manifestação comum e... popular do catolicismo, a mesma que é fonte de sua caricatura). O problema do catolicismo é seu afastamento da Palavra. Em qualquer nível, popular ou não, intelectual ou não. Eu nunca disse o contrário.
    E quanto a religiosidade popular evangélica, será que é preciso mencionar os seus absurdos? Do mesmo modo, quanto aos intelectuais evangélicos, há emergentes e liberais demais por aí a que a religiosidade popular tenha dívidas (para não falar de coisa pior!). Sei, não estou falando da ortodoxia reformada. Mas não estamos desde o começo.

    Norma, ainda quanto ao diálogo (bem, quem sabe aqui esteja o problema, pois o entendo como um "conhecer o outro um pouco melhor", não uma troca e influência de "conhecimentos", o que chamo de síntese): "Aprendo muito com eles (história, filosofia, política), mas há tempos tenho me conscientizado de que posso aproveitar muito pouco deles quanto à teologia". À parte de eu considerar a distância entre a filosofia e a teologia pequena demais, acredito que estamos falando a mesma coisa! Não tenho qualquer intenção em beber da fonte católica, razão porque sempre faço questão de dizer que uma síntese entre os nossos pensamentos é impossível (e mencionei isto em meu comentário).

    Mas há algo no meu contato com aquele agostiniano que ficou indelevelmente marcado em minha alma e que não me permite esquecer que o diálogo (não a síntese) é possível. Seu discurso ainda soa reformado demais para um católico! Talvez eu não devesse me surpreender, já que reconheço nossa dívida com Agostinho (católico? não é isto que estou dizendo), mesmo assim foi algo que me impressionou.

    Por fim, é claro que procuro combater o erro teológico onde quer que ele apareça. Assim como qualquer outro pecado. E com vigor. Mas não tenho qualquer disposição em combater quem erra como num condená-lo irremediavelmente. Tenho meus próprios erros para combater para considerá-lo perdido.
    Além disso, não tenho problema em dizer o seguinte: se mantemos nosso Fundamento comum com os católicos ("sóbrios"), falaremos a mesma língua. Isso é o que normalmente gera comentários contrários e apaixonados em nosso meio. Ora, por quê? Pois pergunte-me se acredito que os católicos mantém por muito este Fundamento... Eu direi: "Ah, isto é tema para uma outra conversa"! rs

    Meus caros, duvido que tenhamos uma real divergência aqui. Que tal uma visita ao meu blog para confirmar o que digo?

    Abraço,
    Roberto

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  12. Olá, Roberto!

    Bom, eu também achei sua reação última exagerada... Hehehehehe! De fato, você supôs várias críticas nossas a você que não foram nem enunciadas, nem esboçadas. Não se preocupe.

    Olha, eu não falo do alto da minha sapiência reformada de anos e anos de estrada. Pelo contrário. Falo do alto - ou de baixo, tanto faz - da minha experiência de mente aberta demais, conciliatória demais, tendo apanhado bastante por essa vida e aprendido enfim que inconstâncias na teologia bíblica equivalem a vulnerabilidade ao pecado. A questão católica passa por isso também. Tendo me convertido em meio a evangélicos bastante friendly em relação ao catolicismo, e tendo ainda apenas há uns quatro anos (no máximo) entrado em contato maior com visões e autores reformados, penei bastante para fechar os buracos da minha teologia e da minha necessidade conciliatória. (Esse trabalho nunca está concluído, claro, mas os buracos, no meu caso, eram grandes demais.)

    Por isso, digo a você apenas o seguinte: aprendi que, do jeito que as coisas estão hoje, o pensamento católico, se redimido, deixa de ser católico. Aprendi com os autores reformados que tenho lido, dos quais o mais importante é sem dúvida Calvino, que o catolicismo é uma outra religião. Não há conciliação possível. Essa conclusão não foi da noite para o dia, mas depois de muitas experiências, leituras e reflexões, que continuam. Deve-se a isso minha calejada resistência a um "fundamento comum". Aliás, os próprios católicos mais convictos e mais fervorosos (conheci vários deles, sinceros de fato) não querem conciliação, mas conversões nossas à igreja deles. Nunca se esqueça disso...

    Mas não se preocupe, continuo aberta ao diálogo. Neste blog o assunto será constante.

    Abraços!

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  13. Olá, Norma.

    Na verdade não entendi seus comentários como ofensivos nem tão exagerados. Por isso eu disse que não achava aquela defesa provocativa dos católicos necessária. Achei, isto sim, preocupados demais com uma possível síntese, de minha parte ou de seus leitores.
    Perdoem-me ambos se pareci exaltado, mas também não foi o caso. Eu tinha mais o propósito de expor melhor o que penso. Senão, era o caso mesmo de algum leitor achar que eu penso ser qualquer síntese possível!
    Mas, pelo meu tom, tanto de minha postagem quanto do comentário aqui, pode parecer mesmo que sou "conciliador", como você fala de si mesma. Na verdade não sou. Nem mesmo tenho paciência para as besteiras que se falam por aí, católicas ou qualquer outra (o que me impede de ler autores que eu deveria ler, pelo menos para conhecer melhor e não fazer aquela caricatura que tanto abomino). Mas que é possível reter algo de bom dos católicos (como já mencionamos), isso é!

    No mais, você diz: "o pensamento católico, se redimido, deixa de ser católico". Bem, essa é a minha idéia quanto a eles lerem Kuyper e Dooy! rsrsrs

    No amor do Senhor,
    Roberto

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  14. Olá,
    Estou chegando atrasado, mas ainda assim farei o meu comentário - que deve ser recebido com as devidas compensações por eu ser de um leigo.
    Do que adianta ter 'teólogos sóbrios' se a essência da religiosidade EFETIVA católica ofende todos os fundamentos dos Evangelhos, especialmente no que toca ao plano salvífico com ênfase na graça e na justificação? Autores que tão somente teologizam, em prol de uma religiosidade falida (catolicismo) em razão dos motivos em epígrafe. Qual a finalidade do diálogo? Onde chegar?
    Sinceramente, penso ser difícil compartilhar qualquer pensamento teológico com os católicos, uma vez que eles sempre estarão maculados pelo estigma da "tradição", indissociável da sua teologia desde Agostinho (salvo engano). Assim, meu humilde pensamento é que não há como flertar como os romanistas - mesmo porque, seria apenas teorização (ou peroração?), uma vez que a essência da sua religiosidade estará sempre maculada - exatamente pela inconsistência do plano de salvação tal como expresso nos Evangelhos.
    Em suma, seria apenas intelectualismo, discussão sem finalidade; a busca do tecnicismo puro em detrimento do plano de salvação real e efetivo. Ou seja, nada!

    Em Cristo.

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  15. Olá, caro Roberto!

    Tenho também alguns esclarecimentos a prestar sobre minhas palavras iniciais nesta conversa, em vista do rumo que ela tomou.

    Quanto ao problema do catolicismo residir em sua versão popular, é verdade que você não disse isso, mas também não se expressou de maneira precisa o suficiente, num primeiro momento, para deixar claro que não pensa assim. Parece-me que seu comentário inicial dá margem a várias interpretações, entre as quais essa que você depois veio a negar de maneira mais clara, felizmente.

    De qualquer forma, é evidente que o que você disse não permite concluir que você acha que o único problema do catolicismo está em sua religiosidade popular. E é por isso mesmo que não atribuí essa opinião a você. Note que, se fosse minha intenção fazer um comentário sobre o seu comentário, eu teria me dirigido a você, não à Norma. Quando eu disse "Com relação ao trecho destacado pelo Roberto e à sua resposta", pretendia que "sua" significasse "da Norma" e não "do Roberto". E, de modo mais amplo, tudo o que eu pretendia com aquele parágrafo era confessar uma opinião equivocada - e perigosa - que eu já tive, à parte de quaisquer opiniões que outras pessoas possam ter. Nesse sentido, minha história tem semelhanças com a da Norma, embora tenha também diferenças.

    Concordo com você quanto à possibilidade de a definição de "diálogo" estar na raiz do problema. Se você quer dizer apenas "conhecer o outro um pouco melhor", então eu tenho tido, nos últimos anos, diálogos muito gratificantes não só com o catolicismo, mas também com a ortodoxia, o russelismo, o espiritismo, o islamismo, o hinduísmo, o agnosticismo e o ateísmo, dentre outros. Se é só a isso que você se refere, pouco ou nada em comum é necessário para haver diálogo, já que este pode perfeitamente se dar entre nós e os não-cristãos. Aliás, não vejo o diálogo com o catolicismo de outra maneira. Mas creio que você se refere a algo mais que a definição dada por você mesmo, já que você passou a falar em "Fundamento comum", com F maiúsculo, e atribuiu grande importância ao seu contato com o tal agostiniano pela semelhança entre as posições dele e as nossas. Tudo isso é perfeitamente dispensável num diálogo.

    Vejo agora que aceitei seu convite antes que fosse feito: antes mesmo de fazer meu primeiro comentário nesta postagem, eu já havia feito incursões pelo seu blog. De qualquer modo, obrigado pelo convite. :-) É uma pena que eu não me sinta muito animado para retribui-lo, pois meu blog contém algumas catoliquices das quais ainda não tive tempo para me retratar. :-P

    Um grande abraço!

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  16. Norma,

    Desculpe pela sinceridade mas, se eu tinha algum respeito por você ele se foi ao ler este post.

    De forma nenhum pouco velada tu chamaste os católicos de fariseus. Seria um eufemismo para não chamá-los de 'hipócritas', 'raça de víboras', ou quem sabe, 'idólatras'? Esta gratuidade de ofensas me surpreendeu.

    Gostaria de lembrá-la de que se não fosse pela tradição católica você não conheceria o livro a que chamas 'Palavra de Deus'. Como John Vennari bem notou: Se você me der um livro – chamado 'A Bíblia'. E você me disser que tudo naquele livro é a infalível palavra de Deus, a primeira coisa que vou perguntar é, “Quem disse isso?”. Os livros não se escrevem sozinhos. Livros de múltiplos autores não se compilam sozinhos em um grande livro, e depois se auto-proclamam terem sido escritos pela palavra de Deus.

    Procurar na própria Bíblia uma defesa da Sola Scriptura é cair numa petição de princípio.

    Não consigo compreender como Jesus pudesse 'conhecer bem a Bíblia', pois que ela até então não era constituída tal como a conhecemos hoje, e o que sabemos de Cristo foi escrito e compilado muito tempo depois d'Ele. Marcos, se bem lembro, escreveu por volta do ano 100, o que representa um intervalo de aproximadamente 65 anos entre a ascenção de Cristo e o término da redação da Bíblia. O que serviu como autoridade durante este tempo? A terrível tradição oral? De que forma eram resolvidas as contendas doutrinárias neste período sem a autoridade da Bíblia? No mesmo Evangelho de João que citaste está escrito que 'Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se todas elas fossem escritas uma por uma, creio que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que seria preciso escrever.' Citaste ainda Paulo no decorrer do texto, e é interessante lembrar que na Carta aos Gálatas ele já fala que as perseguições existiam, de que os cristãos estavam sendo martirizados e mesmo falsos mestres surgiam. Aliás, é bem conhecido que haviam inúmeras seitas no início do Cristianismo defendendo idéias diferentes sobre Deus e o Messias. Os docetas, os gnósticos, ebionistas, etc. Somente por volta do século IV é que os escritos bíblicos, até então copiados e recopiados, tomaram o formato de códice. E fala-se até mesmo que algumas alterações já haviam sido feitas, como a intrigante cena em que Jesus salva uma adúltera do apedrejamento - trecho que teria sido inserido no Evangelho de João por algum escriba no século III. E se o problema antes era com as inserções indevidas, hoje temos inúmeras traduções que falseiam os textos originais. Peço, Norma, com toda a sinceridade que me responda: Como você tem certeza que aqueles livros que estão na sua Bíblia são mesmo as Escrituras Sagradas? Não tenho certeza de que ela possa testificar a favor de si mesma: se eu der testemunho de mim mesmo, não é digno de fé o meu testemunho, está escrito no Evangelho de João, 5, 31.

    Segundo seu texto, Jesus dava ênfase ao 'que está escrito'. Curioso é que no famoso Sermão da Montanha, Cristo insiste no verbo ouvir, rs.

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  17. Por fim, Alister McGrath demonstra uma ignorância que eu diria grotesca e proposital em relação a religiosidade medieval, principalmente no que se refere aos períodos anteriores à Revolução Protestante. Eu não o censuro por ele escrever História preso ideologicamente, mas, por faltar-lhe honestidade intelectual. Citarei apenas um trecho de um livro de André Vauchez sobre a espiritualidade medieval: Todas as religiões conheceram e conhecem graus de participação diversos nos mistérios que elas ensinam. O cristianismo medieval não e uma exceção a regra: do culto das relíquias à mística nupcial, abre-se um amplo leque de vias de acesso ao divino. Pode parecer estranho comparar formas tão distantes da experiência religiosa. Mas a ênfase posta pelos teólogos no papel do Verbo encarnado na Redenção e o desenvolvimento das devoções populares a pessoa do Cristo e de sua Mãe traduzem, em níveis certamente diferentes, a mesma intuição. Não está demonstrado, de forma alguma, que as orientações da piedade sejam sempre dependentes da orientação da alta espiritualidade vivida nos claustros. No seculo XII, ambas evoluíram aparentemente de modo concomitante, e mesmo, por certos traços, a religião das massas esteve talvez a frente da religião das elites: a devoção à Santa Lança, miraculosamente descoberta diante de Antioquia pelos cruzados, precede de varias décadas a veneração manifestada pelas místicas do Brabante pela chaga do lado de Cristo. Além desses problemas de influências, sempre delicados e difíceis de resolver, o historiador constata que no século XIII duas certezas fundamentais impregnam a consciência religiosa no Ocidente: só se chega a Deus por seu Filho crucificado, e, para conquistar a salvação, é preciso assemelhar-se ao Cristo. Mas há várias maneiras de identificar-se com um ser amado: pode-se procurar as suas pegadas e cultivar a sua lembrança, imitar o seu exemplo ou procurar ser apenas um com ele. Por mais diferentes que possam parecer essas atitudes, é, entretanto, o mesmo sentimento que as inspira.

    Haveria muito o que dizer, mas o espaço é curto e estou realmente frustrado. Realmente não imaginava que tu fosses igual aos protestantes lugares-comuns. Pelo menos este post serviu pra confirmar o que eu havia comentado em algum outro lugar neste blog: todo protestante é vaidoso.

    Abraço!

    Ps: a coisa mais imbecil que já li: A Igreja Católica tem intelectuais brilhantes e tudo mais, mas já não posso confundir isso com espiritualidade.

    Depois desta vou ler uns sutras budistas.

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  18. Luiz, sei que você se dirigiu à Norma, mas ela está ocupada demais nestes dias para lidar com bobagens em grande quantidade, de modo que cabe a mim a tarefa de responder-lhe, na condição de co-proprietário deste blog e autor da coisa mais imbecil que você já leu. Fico muito feliz, aliás, em saber que alguém como você teve tal impressão, por razões que espero deixar claras adiante.

    Você começou a dar mostras de sua incapacidade de leitura já no início, ao reclamar da associação entre farisaísmo e catolicismo: primeiro conjeturou que o termo "fariseus" foi usado como eufemismo para "hipócritas", "raça de víboras" e "idólatras" e, na sentença seguinte, tomando como certo o que acabara de ser apresentado como conjetura sua, mostrou-se tão surpreso com os nomes feios trazidos à conversa por você mesmo quanto teria ficado se os tivesse encontrado no próprio post. Bastaria uma leitura atenta do texto para verificar o sentido exato em que a correspondência se aplica. Mas você preferiu lançar mão de um subterfúgio barato para posar de vítima e parecer justificado pelo tom pouco educado que empregou ao longo de seus dois comentários.

    Devo esclarecer que não conhecemos a Palavra de Deus como tal pela "tradição católica", e sim pelo testemunho interno do Espírito Santo, como você certamente saberia se não ignorasse completamente a doutrina reformada. Trata-se do mesmo testemunho interno que levou a igreja primitiva a reconhecer (e não a estabelecer) a autoridade divina desses livros.

    O ato de defender biblicamente o Sola Scriptura não é mais circular que o de crer na infalibilidade papal com base num decreto papal. Aliás, vindo de um católico, esse argumento não faz o menor sentido. Se fosse de um ateu ou coisa que o valha, até daria para entender. Mas a ICAR, embora não reconheça a exclusividade e superioridade da Bíblia, a reconhece, ao menos em teoria, como Palavra de Deus. (Fiquei com a impressão de que você despreza a Bíblia ainda mais que a ICAR, pela maneira como se referiu a ela, como "o livro a que chamas 'Palavra de Deus'".) Por conseguinte, um católico não pode ignorar o que a Bíblia afirma sobre si mesma. Pode, no máximo, fingir que não sabe ler e ir perguntar a algum superior o que é que ela diz. (Nem todos precisam fingir, é claro.)

    Você disse: "Não consigo compreender como Jesus pudesse 'conhecer bem a Bíblia', pois que ela até então não era constituída tal como a conhecemos hoje, e o que sabemos de Cristo foi escrito e compilado muito tempo depois d'Ele". Não consegue compreender porque lê muito mal. A Norma já havia falado, no parágrafo inicial do texto, da "Bíblia disponível na época (o Antigo Testamento)", que foi estudada pelos fariseus e por Jesus. O fato de que o cânon não havia então se completado não tem relação lógica alguma com o ponto principal do argumento: se Jesus demonstrou tal apreço pelas Escrituras então disponíveis, não temos desculpa para evitar a mesma atitude com relação às que temos hoje, completas. Nada do que você disse lança qualquer objeção contra essa proposição. Vejamos.

    Você disse: "O que serviu como autoridade durante este tempo? A terrível tradição oral? De que forma eram resolvidas as contendas doutrinárias neste período sem a autoridade da Bíblia?" Felizmente, sabemos como as contendas doutrinárias eram resolvidas, pois isso foi registrado na Bíblia: eram resolvidas pelo recurso à própria Bíblia. Um bom exemplo disso (mas de modo algum o único) é relatado em Atos 15. Leia especialmente os versículos 12 a 29 e veja que a devida aplicação das Escrituras pôs fim ao debate. Como se pode ver, os apóstolos não ficaram esperando que a Bíblia estivesse concluída para começar a utilizá-la. E boa parte dos argumentos apresentados por você se baseia, direta ou indiretamente, nessa ridícula suposição.

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  19. Note ainda que a "tradição oral" naqueles tempos era o testemunho dos próprios apóstolos. A Norma citou um versículo em que Jesus faz alusão às palavras dos apóstolos como fundamento da crença dos cristãos futuros nele mesmo. As palavras dos apóstolos, que então chegavam diretamente aos ouvidos das pessoas, agora chegam a nós por meio do que eles escreveram. A tentativa de transformar isso em uma contradição da teologia protestante é apenas patética.

    O último versículo de João, citado por você, é perfeitamente irrelevante. Mesmo que esse versículo não estivesse na Bíblia, saberíamos que nem tudo foi registrado, pois isso é óbvio. Mas e daí? Isso não prova de modo algum que o que foi registrado é insuficiente para nossa salvação, e muito menos prova que estejam à nossa disposição fontes de autoridade comparável ou superior.

    Sua tentativa de desqualificar a Bíblia com base em considerações sobre crítica textual também não encontra apoio nos fatos. A evidência textual em favor da fidedignidade do Antigo Testamento é tão boa quanto a dos melhores textos antigos, e a do Novo Testamento é incomparavelmente melhor. Não há dúvidas textuais de valor decisivo para as importantes questões dogmáticas. O trecho de João 8 mencionado por você pode ter sido inserido em João, mas tem todo o jeitão dos sinóticos, e não há boas razões para se duvidar de sua historicidade. A imperfeição das traduções também não é uma desculpa muito boa para o desprezo que você devota à Bíblia. Há material de sobra para quem tem interesse em tirar dúvidas sobre o sentido exato de muitas passagens.

    Você prossegue perguntando à Norma: "Como você tem certeza que aqueles livros que estão na sua Bíblia são mesmo as Escrituras Sagradas?" E cita João 5.31 como prova de que não é lícito recorrer às próprias Escrituras Sagradas. Não me parece, porém, que sua interpretação da passagem faça jus ao que Jesus tinha em mente, pois ele prossegue dizendo que não aceita testemunho humano (v. 34), que é o Pai quem dá testemunho dele (v. 37), e que seus ouvintes não criam nele porque não têm "a sua palavra permanente" neles (v. 38). E então Cristo esclarece o que quer dizer com isso no v. 39, citado pela Norma no post. Esse versículo declara não só que quem dá testemunho de Cristo é Deus, mas também que isso é feito através das Escrituras. O raciocínio apresentado por você está, pois, inteiramente errado: as Escrituras testificam de si mesmas, porque através delas Deus fala. Se você tem problemas em aceitar isso, vá queixar-se com Deus, não com os protestantes.

    Em resposta ao que disse a Norma sobre a importância dada por Jesus à Palavra escrita, você mencionou a ênfase sobre o verbo "ouvir" no Sermão da Montanha. Parece-me que você não pensou direito antes de dizer isso. Antes de tudo, devo dizer que esse fato não faz com que deixem de existir os versículos citados pela Norma em apoio ao argumento dela, de modo que mencionar exceções não bastará para dar razão a você. Mas não há exceções, na verdade. A maior parte do que Jesus citou ali como "ouvido" pelas pessoas estava escrito na Lei. Você acha mesmo que faz uma enorme diferença se o conteúdo das Escrituras chega à mente pelos olhos ou pelos ouvidos? Ora, vamos falar sério! Bom... a exceção a essa regra está em Mateus 6.43, onde Jesus cita uma interpretação equivocada dada a um trecho da Lei pela tradição oral (ops!). Nada disso dá a você a menor sombra de razão.

    Quanto à segunda parte de seu comentário, direi pouco. A primeira coisa que deveria ficar clara pela leitura do post da Norma é que, no trecho citado, McGrath está descrevendo a opinião dos reformadores sobre o catolicismo medieval, e não expressando a sua própria. Pode até ser que elas coincidam, mas não é possível inferir isso legitimamente a partir das poucas frases ali transcritas. Isso mostra apenas que você é tão incapaz de compreender um post quanto o é de compreender a Bíblia. Suas acusações contra McGrath passam a anos-luz do alvo, não se justificando de modo algum.

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  20. Sua defesa da superstição medieval também não merece muitas palavras. É suficiente destacar esta frase: "o culto das relíquias à mística nupcial, abre-se um amplo leque de vias de acesso ao divino". Toda a questão reside em saber se quem abriu essas vias de acesso o fez com a anuência do "divino" ou contra a sua vontade. Todo mundo sabe que, segundo o catolicismo, Deus deu carta branca à ICAR para decidir essas coisas. Mas você passou longe de apresentar qualquer argumento em favor dessa posição. Aliás, todo o seu comentário sobre a religiosidade medieval passou longe de responder à citação de McGrath, ou das críticas dos reformadores.

    Devo dizer ainda que admiro o poder de seu raciocínio indutivo, capaz de extrair de um único post, escrito por uma única pessoa, uma conclusão universal sobre o caráter de milhões de protestantes.

    Finalmente, dada a incapacidade de leitura demonstrada por você quase que em cada parágrafo, nem quero imaginar o que você terá entendido a partir de minha frase citada por você no final. De qualquer modo, receba meus incentivos à leitura dos sutras budistas. Parece que sua mente é mais afeita a esse tipo de coisa.

    Abraços!

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  21. Cara Norma.

    Casualmente encontrei uma menção ao seu blog na página de um Anglicano de Porto Alegre. Gostaria de fazer alguns comentários à sua postagem ainda que fora da data. Não onsigo entender como estas atribuições de "farisaísmo" ao catolicismo Romano ainda podem circular no imaginário "reformado".

    Durante certo tempo eu me acreditava "reformado", mas com o passar do tempo a gente cresce e permanece apenas o respeito por algumas figuras que apresentaram uma vida realmente religiosa e um pensamento religioso. Não vejo em Calvino nem uma coisa nem outra: ele simplesmente considerou algumas premissas da religião e reduziu a teologia a uma lógica fria e impiedosa.

    Além, disto, tive acesso a alguma bibliografia sobre e Genebra de Calvino e para mim Calvino é uma figura localizada no tempo e no espaço: sua lógica teológica crua e seu pensamento político autoritário se aplicam apenas à Genebra de seus dias e deveriam ter ficado por lá.
    Pode-se ver o autoritarismo Calvinista em duas situações exemplares: (1) no tratamento dado à Miguel Servet e (2) no tratamenteo dado aos Arminianos. Não poderia considerar Calvino um reformador, pois não o considero um homem religioso. Ele possuia apenas uma mente lógica formal de advogado que se dedicou a inferir teologia a partir de premissas teológicas. Mas, telogia não é matemática e lógica não é religião.

    Reformadores mesmo são Arminio e Wesley. Lutero, nada mais era que um político que usou da Teologia, tanto quanto seus inimigos da época. Mas veja, em ambos, Arminio e Wesley, predomina uma pensamento alheio às heresias resucitadas pela "reforma". Em ambos podemos ver os resultados da obra evengelizadora de São Francisco de Sales - uma figura pouco reconhecida na Teologia Católica - que teve gtrande influência sobre a Genebra de Béza (um homem com coraçao de pedra, nas palavras de SFS).

    Até o rei James rendeu-se a São Francisco de Sales: apesar de proibir a publicação da obra A Vida Devota, mandou imprimir várias cópias para uso da corte.

    Quando tive acesso aos panfletinhos de SFS (que ele entregava de casa em casa devido à proibição da Missa Romana em Genebra) publicado com o título de "Controvérsia Católica", abandonei a idéia de "reforma", isto é uma ficção. Ná época necessitava-se de uma reforma religiosa e não uma outra igreja particular.

    Seria interessante que pessoas que amam mais Calvino que Jesus Cristo, que preferem uma teologia que se impôe pela polêmica desusada, que crêem no ecumenismo como um "vale tudo", pudessem considerar os argumentos de São Francisco de Sales contra as teses lógicas de Calvino.
    Espero sinceramente que você consiga superar o Calvinismo e os Carismáticos e retorne a igreja que nunca deveria ter sido dividida.
    Sursum Corda.

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  22. Olá, Arturo,

    Em primeiro lugar, obrigada pela polidez de seu texto. Quisera eu que as discordâncias fossem sempre expressas assim.

    Em segundo, bom, começarei essa resposta da mesma forma que você: não consigo entender como esses mitos sobre Calvino ainda podem circular no imaginário católico. Leia o livro do McGrath e você vai descobrir por que Calvino não teve responsabilidade direta na morte de Serveto. Quanto aos arminianos, não sei exatamente do que você está falando, mas é engraçado perceber como quem critica Calvino adota uma postura cronocêntrica, ignorando o quanto, na época, essas querelas religiosas eram violentas de todos os lados, sem exceção. Inclusive do lado católico - algo que geralmente se "esquece" quando se ataca Calvino.

    Sobre o que você "não vê" em Calvino, bom, é um argumento um tanto subjetivo, não é? Mas, já que você expressou suas impressões sobre ele, expressarei as minhas também. Vejo nele um homem profundamente compromissado com as verdades das Escrituras ao ponto de sacrificar nome, carreira e um cotidiano tranquilo por elas. Só isso me diria muito sobre Calvino. Mas, muito além disso, quando leio Calvino não encontro uma só afirmação que escape às mesmas verdades que leio na Bíblia. Foi a Bíblia que me levou a Calvino, não o contrário. Porém, compreendo que entre os católicos essa ideia não faça muito sentido. (cont.)

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  23. Quero crer que você leu Calvino quando fala de uma "lógica fria e impiedosa", mas muito me espanta que um leitor de Calvino seja capaz de tal redução. O que eu poderia conceder a essa afirmação sua é que há de fato nos escritos de Calvino talvez um rigor de um tipo raro hoje em dia. Mas estou longe de considerar isto um defeito: vejo-o mais como um modo de precisão. (Também acusam-me de "dureza" com base em muitos de meus textos, quando eu apenas quis que minha argumentação fosse exata.) No entanto, atribuo tudo isso à sensibilidade moderna, desacostumada com tais socos-na-mesa argumentativos. Além disso, se por um lado a linguagem do rigor parece dura demais para um contemporâneo (e hoje temos estado moles demais em tanta coisa!), de outro temos os conteúdos expressos através dessa linguagem. E quanto a Calvino esses conteúdos, sim, agradam o coração de quem crê nas palavras bíblicas e exulta com o que lê, principalmente com a argumentação tão exata e também às vezes tão rígida nas cartas do apóstolo Paulo. Assim, é uma pena que o comentário que você postou aqui tenha falado da história e do estilo de Calvino, mas nada sobre esses conteúdos.

    Enfim, concordo sobre a "igreja que nunca deveria ter sido dividida", mas a marca mais importante da igreja é a Palavra de Deus. Veja, por exemplo, Jo 8.31-32,47; Jo 14.23; 1 Jo 4.1-3 e 2 Jo 9.

    Em suma, como protestante posso afirmar que valeu a pena ter dividido a instituição (não a igreja!) para que hoje pudéssemos ser abençoados com a doutrina bíblica verdadeira.

    Mas gostei de ter lido sobre São Francisco de Sales. Darei uma olhada.

    Abraços!

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  24. Luiz Alves,

    Li seu primeiro comentário e de fato me recusei a responder de imediato por estar ocupada com um trabalho atrasado, principalmente depois de eu ter ido parar no hospital com uma dor nas costas que durou uma semana. Se ainda posso dedicar alguns minutos ao blog, prefiro fazê-lo escrevendo posts, certo? No entanto, fui educada o suficiente para pedir ao André que respondesse por mim. Não é o caso do texto que o senhor enviou para cá em resposta ao André, questionando minha sinceridade. Não se deve duvidar de alguém que sequer se conhece, e é muito pouco honesto usar tais conjeturas como arma argumentativa. Assim, a menos que o André queira responder-lhe novamente, o senhor continuará sem contrapartida no diálogo, e apenas publicarei aqui a última frase de seu segundo comentário, "com gente assim não se discute" - aplicando-a, claro, a seu autor. No entanto, fique à vontade para voltar a este blog quando estiver disposto a uma conversa mais cordial.

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  25. Olá, André!
    Você não postou meu último comentário. Não estou a cobrar nem a pedir que publique. Se o considerou repetitivo ou se, por ser repetitivo, não o notou, não o culpo.
    Porém, se estou a incomodar, gostaria que me avisasse e paro de comentar. Segui-los vou de qualquer jeito, pois gosto de suas letras, suas e da Norma!

    Abraço, no amor do Senhor,
    Roberto

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  26. Oi, Roberto!
    Na verdade, sou eu que aprovo ou não os comentários (com o acordo do André, hehe!), mas o último seu que recebi foi o último que publiquei. Não é muito comum, mas o Blogspot às vezes perde comentários. Você poderia mandar de novo?
    Abração!

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  27. P.S. Também gosto do que você comenta aqui! ;-)

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  28. Olá, Norma.

    Bem, não é necessário postar todo o mesmo novamente. Foi basicamente uma repetição um pouco modificada do que escrevi para você, mas de forma pessoal para ele.

    De diferente apenas algumas considerações sobre o termo "diálogo" (que acho que vale mencionar), concordando que minha definição é mesmo deficiente. E, sem tentar nova definição, expliquei que o conhecer o outro um pouco melhor envolve, quanto ao católico, um respeito que não tenho por outros ismos. Mas explicar este respeito demandaria algum tempo. Prefiro deixar assim. Basta dizer que, no fundo, e apesar de falar em respeito, acompanho Vincent Cheung em sua apologética.

    E, claro, agradeci a visita dele ao meu blog.

    NEle,
    Roberto

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  29. Obrigado, Norma! Li os últimos comentários do Luiz, e não creio que valha a pena continuar. Sei que ele vai achar que estamos usando isso como desculpa para fugir de seus brilhantes argumentos. A opinião dele não tem importância, mas vou prestar um breve esclarecimento aos demais leitores quanto aos motivos que me levam a desistir, à parte da insinuação maliciosa já mencionada. (Aliás, ele deveria ter notado que você está sem postar neste blog há 12 dias, e no outro há uma semana.)

    1. Embora, como eu já disse, a ICAR reconheça em teoria a autoridade divina da Bíblia, é-me vedado empregá-la para mostrar o que esta diz sobre si mesma. O Luiz, por outro lado, tem todo o direito de usá-la para criticar as posições que defendo, mesmo acusando-a de inúmeros erros e contradições. Tal comportamento é recorrente ao longo de toda a réplica.

    2. O Luiz tentou se aproveitar do fato de que enunciei minha opinião negativa sobre a religiosidade popular católica para me acusar de um desprezo intelectualóide à religiosidade popular enquanto tal. Como se o propósito de meu comentário não fosse ressaltar o péssimo caráter da religiosidade católica como um todo.

    3. Fui acusado de desonestidade duas vezes sem justificativa.

    4. O Luiz insinuou que me recusei a chamar todos os católicos de "hipócritas", "raça de víboras" e "idólatras" por falta de coragem, como se fosse necessária muita coragem para isso. (Ele deve estar se achando muito corajoso pelas grosserias que veio despejar aqui.) Aproveito, pois, para esclarecer minha opinião: "raça de víboras" é um termo demasiado metafórico; "hipócritas" é um adjetivo que não estendo a todos os católicos, embora conheça muitos que o são; quanto a "idólatras", aí sim, o catolicismo é inerentemente idólatra.

    5. Fui acusado repetidamente de sustentar tanto um racionalismo sem fé quanto uma fé indiferente à razão.

    6. O Luiz gastou um espaço enorme com perguntas sobre contradições que ele vê nos textos bíblicos, que são, aliás, as mesmas que ateuzinhos adoram esfregar na cara dos cristãos. Quase todas essas dificuldades são arquiconhecidas e facilmente refutáveis, mas sua quantidade me obrigaria a me delongar demais, chegando a parecer que o propósito delas era apenas desviar o assunto.

    7. Ele chama de "variações textuais" as diferenças entre narrativas em diferentes passagens bíblicas, quando na verdade o termo só se aplica a divergências entre mauscritos quanto a uma mesma passagem. É com esse nível de conhecimentos sobre ecdótica que ele pretende apresentar-se à discussão sobre a confiabilidade da Bíblia.

    8. O Luiz atribuiu a mim coisas que eu não disse, como que fiquei surpreso com o fato de ele desprezá-la, ou que o Espírito Santo a compilou. Tudo isso apenas reforça minha afirmação anterior de que ele não lê direito, o que torna inútil o que escrevo. Sua resposta também abunda em piadinhas cujo propósito evidente é ridicularizar certas afirmações minhas para não ter de analisá-las a sério.

    9. A impressão causada pelo item anterior é reforçada pelo fato de que alguns de meus argumentos foram ignorados. São eles: a doutrina do testemunho interno do Espírito e sua conexão com o reconhecimento do cânon bíblico; a constatação de que um católico não pode consistentemente brincar de apontar falhas na Bíblia; o papel das Escrituras na igreja primitiva, exemplificado em Atos 15; a impropriedade da contestação do Sola Scriptura com base no último versículo de João; o erro de interpretação apontado por mim quanto a João 5.31; e o erro grotesco de compreensão quanto à citação de McGrath. A negligência de todos esses pontos demonstra melhor que tudo o mais a indisposição para um debate sério.

    10. Transparece ao longo de tudo o que disse o Luiz que ele não está aqui para compreender a doutrina protestante, e nem mesmo para defender a mãe de maneira justa, e sim para encontrar pretextos que justifiquem sua opinião preconcebida de que o protestantismo é ridículo e seus adeptos são gente de mau caráter. Ele não conseguiu disfarçar esse sentimento, e na verdade sequer tentou.

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  30. Olá, Arturo!

    Também apreciei muito seu comentário pela boa educação e honestidade. Estávamos precisando de críticos católicos assim.

    Assim, como a Norma, minhas leituras de Calvino não produziram a impressão de estar diante de "uma lógica fria e impiedosa". Sou físico e convivo com gente assim, e por isso mesmo posso perceber com clareza que Calvino não é assim. Quanto o leio, sinto estar diante de um homem dotado de uma aguda percepção do espírito humano e de uma preocupação pastoral quase inigualável.

    Quanto ao autoritarismo a que você se refere, recomendo a leitura do excelente artigo "Liberdade e responsabilidade: reflexões a propósito dos 500 anos de Calvino", do presbítero Solano Portela, para contrabalançar a visão exposta na bibliografia que chegou até você: http://www.midiasemmascara.org/artigos/religiao/7647-reflexoes-a-proposito-dos-500-anos-de-calvino.html . Trata-se de uma análise do último capítulo das Institutas, que trata justamente da organização política. No final dessa página há um link para um bom artigo do pastor Augustus Nicodemus que traz informações e considerações muito importantes sobre o episódio da morte de Serveto. Não deixe de ler também um outro texto do pb. Solano sobre Calvino, que registra uma pouco conhecida opinião de Armínio sobre o valor da obra de Calvino.

    Também não conheço nada sobre São Francisco de Sales. Agradeço se puder indicar onde podemos buscar mais informações a respeito, muito embora eu não prefira Calvino a Jesus Cristo.

    Abraços!

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  31. Olá, Roberto!

    É uma pena que seu comentário tenha se perdido. Mas agradeço pelo elogio e por ter escrito novamente para comentar o ocorrido. Confesso que cheguei a temer que algo em minhas palavras o tivesse magoado. Você não incomoda de modo algum, meu caro. Você é um irmão inteligente e educado, o que o torna muito bem-vindo.

    Agradeço também por ter resumido seu comentário desaparecido. Creio que teremos oportunidade de trocar mais palavras sobre essas questões no futuro.

    Ah... espero que você não tenha pensado que não o quero no meu blog. O que eu disse sobre as catoliquices é verdade, mas o desânimo a que me referi é pura brincadeira. hehe

    Abraços!

    PS: Esqueci de colocar o segundo link na mensagem ao Arturo. Aqui vai ele: http://tempora-mores.blogspot.com/2009/07/ainda-proposito-dos-500-anos-de-calvino.html

    PPS: Parece que o primeiro link não saiu inteiro. O jeito é entrar em http://www.midiasemmascara.org/ e digitar "Calvino" no campo para pesquisa.

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  32. Caros André e Norma,
    Agradeço a ambos por me abrirem a porta de sua casa de forma tão cortês!

    André, brinquei, no comentário perdido, com suas catoliquices dizendo que visitaria seu blog, mas não procuraria usá-las contra você...
    E, a propósito, visitei, mas não li ainda. Seus textos são um tanto grandes e todos os textos grandes (em tela) estão numa enorme fila do meu leitor de feeds! rs

    No amor do Eterno,
    Roberto

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  33. Roberto,

    Você já é de casa! ;-)

    Abração!

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  34. "Sei que ele vai achar que estamos usando isso como desculpa para fugir de seus brilhantes argumentos."

    Hmmm, Leitura mental... fantástico! Esse lance de adivinhação se aproxima bastante de uma tal Dona Maria que tem um tendinha muito conhecida por aqui. Mas ela não diz somente o que o cliente acha disto ou daquilo, mas também tudo sobre o passado, o futuro e ainda promete trazer a pessoa amada em três dias. Sugiro que faça isso também André, ainda mais tu que sabe se comunicar bem e é simpático. :D

    Gostei de sua réplica, vou ruminá-la por alguns dias.

    Abraço!

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  35. Meus caros,
    Desculpem a meia intromissão... Digo meia porque não quero entrar em qualquer discussão alheia. Devo confessar também que não li os enormes comentários. Vi apenas que se tratam de críticas ao protestantismo e, mais especificamente, ao calvinismo. Estas críticas são por demais repetitivas e cheias de ignorância histórica, falácias ad hominem e desconhecimento bíblico. Erro ao supor que a crítica aqui vá neste mesmo sentido? Duvido muito. Por ser cansativa essa discussão, não tomo o bastão.
    Mas minha meia intromissão se deve ao muito divertido comentário último. Pois acho que o Luiz conhece a Dona Olga do Reinaldo Azevedo: "'Gabriel Chalita está de volta com duas obras em formato de contos que desvendam o ser humano e seus sentimentos'. Huuummm… Era justamente o que prometia um folheto de uma certa Dona Olga, que recebi ontem quando voltava da padaria. Só que ela prometia mais vantagens. Também dizia tudo sobre o nosso passado, o nosso futuro e ainda trazia de volta a pessoa amada em três dias apelando à sabedoria dos búzios, das cartas e da cabala". Ver completo em: Mergulho profundo.
    Se isso é uma provocação muito comum não sei. Sei é que a sacada do Reinaldo foi divertida. E, pelo menos lá, soou bem original!
    Abraços, no Senhor,
    Roberto

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  36. Caro Roberto,

    Já estou acostumado às reclamações quanto ao tamanho dos meus posts no outro blog. Fique à vontade para ler quando e o que for conveniente.

    Quanto aos enormes comentários publicados aqui, eu recomendo o do Arturo e nossas respostas. Sua crítica é cheia de clichês anticalvinistas, mas ele disse uma ou outra coisa interessante e, acima de tudo, se apresentou com respeito e educação. Já o caso do Luiz foi precisamente o oposto. Ele não leu direito sequer o post da Norma ou meus comentários, e muito menos a Bíblia; foi mal educado, desonesto, ignorante e malicioso. No final, listei dez razões que me levaram a não continuar a discussão. Transcrevo aqui a décima, que creio resumir bem o espírito das objeções levantadas por ele:

    "Transparece ao longo de tudo o que disse o Luiz que ele não está aqui para compreender a doutrina protestante, e nem mesmo para defender a mãe de maneira justa, e sim para encontrar pretextos que justifiquem sua opinião preconcebida de que o protestantismo é ridículo e seus adeptos são gente de mau caráter. Ele não conseguiu disfarçar esse sentimento, e na verdade sequer tentou."

    Não recomendo, portanto, essa leitura, exceto como passatempo. Faço essa ressalva porque você talvez se divirta um pouco com ela. :-)

    Quanto ao que você disse sobre o último (e de fato muito engraçado) comentário do Luiz, creio que esse negócio de trazer a pessoa amada em três dias parece bastante difundido. Encontrei um anúncio parecido lá em João Pessoa, em minha única viagem ao nordeste, há dois anos.

    Luiz,

    agradeço pela sugestão, mas infelizmente (ou felizmente) sinto que meus poderes adivinhatórios são demasiado rudimentares. Não estou à altura de me tornar um concorrente da tal Dona Maria.

    Abraços aos dois!

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  37. Caríssimo André,

    Não reclamo do tamanho dos textos. Gosto de ler, como poderia reclamar? Reclamo é da falta de tempo para lê-los! Por isso é que os maiores deles ainda estão na fila.

    OK, lerei os comentários depois. Na verdade, não os li direito, só passei os olhos porque já estava em meio a discussões alhures e estava um tanto cansado delas (e ainda estou um pouco). Mas se você recomenda, seguirei seu conselho.

    Como vê, não conheço nem entendo dessas predições e dos adivinhos por aí. Além disso, conheço bem o Amor (tanto quanto Ele se revela) e minha amada está ao meu lado! ;-)

    No amor do Senhor,
    Roberto

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