A Norma tem razão em reclamar de um post sobre geometria fractal que não tem figura alguma. O leitor que também sente falta das figuras tem meu incentivo para ir ao Google Imagens e digitar a palavra "fractal". Garanto que vale a pena. Justifico-me confessando que simplesmente não consegui decidir qual figura deveria colocar.
Se essa desculpa não for suficiente, sirvo-me de outra: não há necessidade de figuras no texto, pois o próprio Mandelbrot é uma figura. Em sentido figurado, é claro. Demonstram-no suficientemente as palavras abaixo, que são parte de uma seção em que o matemático francês discorre sobre a forma a ser adotada na exposição que virá a seguir - isto é, ao longo de toda a obra. Esse trecho é particularmente interessante por revelar um tom pessoal e uma aversão ao especialismo que estão muito em falta na comunidade científica de hoje. A tradução é minha:
"Conforme exemplificado no capítulo 2, este ensaio inclui muitas referências velhas e obscuras. A maioria delas não atraiu minha atenção até muito depois que meu trabalho nas áreas relacionadas estava essencialmente completo. Elas não influenciaram meu pensamento. Porém, durante os longos anos em que meus interesses não eram compartilhados por ninguém, eu me rejubilava em descobrir preocupações análogas em obras antigas, embora expressas de passagem e sem resultados, testemunhando que essas ideias fracassaram na tentativa de se desenvolver. Desse modo, nutri um interesse pelos 'clássicos', que a prática usual da ciência destrói.
Em outras palavras, eu me rejubilava ao descobrir que as pedras de que eu precisava - como o arquiteto e construtor da teoria dos fractais - incluíam muitas que tinham sido levadas em consideração por outros. Mas por que insistir nesse fato hoje? Notas de rodapé eventuais satisfariam o costume vigente, ao passo que uma ênfase excessiva sobre as raízes ou origens distantes corre o risco de fomentar a impressão absurda de que minha construção é em grande parte uma pilha de pedras velhas que receberam novos nomes.
Sendo assim, minha curiosidade de antiquário exigiria uma justificativa, mas não darei nenhuma. É suficiente dizer que, em minha opinião, um interesse pela história das ideias faz bem à alma do cientista."
Se essa desculpa não for suficiente, sirvo-me de outra: não há necessidade de figuras no texto, pois o próprio Mandelbrot é uma figura. Em sentido figurado, é claro. Demonstram-no suficientemente as palavras abaixo, que são parte de uma seção em que o matemático francês discorre sobre a forma a ser adotada na exposição que virá a seguir - isto é, ao longo de toda a obra. Esse trecho é particularmente interessante por revelar um tom pessoal e uma aversão ao especialismo que estão muito em falta na comunidade científica de hoje. A tradução é minha:
"Conforme exemplificado no capítulo 2, este ensaio inclui muitas referências velhas e obscuras. A maioria delas não atraiu minha atenção até muito depois que meu trabalho nas áreas relacionadas estava essencialmente completo. Elas não influenciaram meu pensamento. Porém, durante os longos anos em que meus interesses não eram compartilhados por ninguém, eu me rejubilava em descobrir preocupações análogas em obras antigas, embora expressas de passagem e sem resultados, testemunhando que essas ideias fracassaram na tentativa de se desenvolver. Desse modo, nutri um interesse pelos 'clássicos', que a prática usual da ciência destrói.
Em outras palavras, eu me rejubilava ao descobrir que as pedras de que eu precisava - como o arquiteto e construtor da teoria dos fractais - incluíam muitas que tinham sido levadas em consideração por outros. Mas por que insistir nesse fato hoje? Notas de rodapé eventuais satisfariam o costume vigente, ao passo que uma ênfase excessiva sobre as raízes ou origens distantes corre o risco de fomentar a impressão absurda de que minha construção é em grande parte uma pilha de pedras velhas que receberam novos nomes.
Sendo assim, minha curiosidade de antiquário exigiria uma justificativa, mas não darei nenhuma. É suficiente dizer que, em minha opinião, um interesse pela história das ideias faz bem à alma do cientista."
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