Não posso dizer que tenho um hino preferido, mas certamente um dos que mais gosto é o hino Amor perene, composto por Guilherme Luís dos Santos Ferreira. Não sei nada sobre o autor além do nome. O hino é o número 88 do hinário que usamos em nossa igreja, o Novo cântico. Gosto da melodia do hino, mas gosto ainda mais de sua letra - que é, por sinal, a única parte que posso disponibilizar aqui. E desta gosto dos aspectos poéticos, mas gosto ainda mais do conteúdo doutrinário que se revela ao longo de suas quatro estrofes de maneira belamente literária. Alguns aspectos merecem destaque. Em primeiro lugar, temos a estrutura trinitária do hino exposta nas três estrofes iniciais, cada uma das quais trata do papel de uma das Pessoas da Trindade na aplicação da graça salvadora ao "eu lírico". A primeira estrofe fala sobre o papel do Pai enquanto autor, não só da criação, que é o aspecto mais evidente à primeira vista, mas também da eleição. A segunda estrofe, naturalmente, trata do papel do Filho como oferta expiatória eficaz pelo pecado. A terceira trata da aplicação da obra redentora de Cristo pelo Espírito Santo, dizendo claramente que é o Espírito quem traz a fé aos nossos corações, e não o contrário. Finalmente, a quarta estrofe trata, de modo geral, da soberania e da imutabilidade de Deus; e, em particular, da perseverança dos santos que daí decorre. O hino todo é atravessado pelo tema do amor divino, manifesto em todas essas formas. É evidente também a profunda e grata alegria do compositor por ser alvo desse amor. E é justamente por compartilhar dessa alegria, graças à misericórdia divina, que posso colocar esse hino na lista dos meus favoritos.
Amavas-me, Senhor, ainda cintilante
não irrompera a luz ao mando criador.
E nem o ardente sol, rompendo no levante,
trouxera à terra e ao mar a força fecundante.
Meu Deus, que amor! Meu Deus, que eterno amor!
Amavas-me, Senhor, também quando, imolado,
por mim sofreu na cruz o meigo Salvador,
o Santo de Israel, o teu Cordeiro amado,
levando sobre si a culpa do pecado.
Meu Deus, que amor! Meu Deus, que antigo amor!
Amavas-me, Senhor, quando atingiu meu peito
o Espírito de luz, o meu Consolador,
e com tesouros mil de teu favor perfeito
trouxe à minha alma a fé em que hoje me deleito.
Meu Deus, que amor! Meu Deus, que antigo amor!
E sempre me amarás, porque jamais inferno
ou mundo poderão ao teu querer se opor;
ao teu decreto, ó Deus; ao teu decreto eterno;
ao teu amor, ó Pai; ao teu amor superno.
Meu Deus, que amor! És sempre e todo amor!