terça-feira, 24 de novembro de 2009

Exposição de Hebreus III

"Porque, devendo já ser mestres, pelo tempo, ainda tendes necessidade de que vos torne a ensinar os rudimentos dos primeiros princípios do oráculo de Deus; e assim vos tornastes como necessitados de leite, e não de alimento sólido. Porque qualquer um que se alimenta de leite carece de experiência na palavra da justiça, porque ainda é criança." (Hebreus 5.12-13)

Comentário de Calvino sobre as palavras em negrito:

"Tal reprovação contém uma piedosa medida de ferroadas visando a incitar os judeus em sua indolência. O autor diz que era um absurdo, e que deviam envergonhar-se disso, a saber, que estivessem ainda no rol do berço quando deveriam já ser mestres. 'Devíeis ser mestres de outros', diz ele, 'enquanto que na verdade não sois nem ainda alunos capazes de compreender o ensino mais rudimentar. Pois não compreendeis ainda os primeiros rudimentos do cristianismo.' Com o fim de fazê-los ainda mais envergonhados de si mesmos, ele usa as palavras 'primeiros princípios', justamente como alguém fala do alfabeto. Devemos aprender ao longo de toda a vida, porquanto verdadeiramente sábio é aquele que sabe quão longe se acha do perfeito conhecimento. Mas devemos progredir em nossa cultura, a fim de não ficarmos sempre no conhecimento rudimentar. Não deixemos que a profecia de Isaías [28.10] se cumpra em nós: 'Porque é preceito sobre preceito, preceito e mais preceito...'; pelo contrário, é mister que nos esforcemos para que nosso progresso corresponda ao tempo que nos é concedido. Não somente nossos anos, mas também nossos dias devem ser calculados, para que todos nós nos apressemos em direção ao progresso. No entanto, poucos são aqueles que se disciplinam a fazer um balanço do tempo passado, ou que se preocupam com o tempo por vir. Portanto, somos justamente castigados por nossa negligência, visto que a maioria de nós dissipa sua vida nos estágios elementares, como crianças. Somos ainda lembrados de que o dever de cada um de nós é repartir com seus irmãos o conhecimento que tem, a fim de que ninguém guarde sua sabedoria para si mesmo, senão que cada um a use para a edificação mútua."

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