sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Poemas de amor, poemas de guerra IV

Nunca li uma linha sequer de Baudelaire, mas ele está toda hora se intrometendo na conversa da Norma com Meschonnic. Para ser mais exato, este último é que o introduz na discussão, ao retomar e desenvolver certos elementos de sua teoria da arte. Começa a me parecer que a concepção baudelaireana sobre a literatura e a arte tinha alguns elementos valiosos, entre os quais a elevada importância quase aristotélica atribuída à imaginação, em contraste com a opinião predominante na época. Apesar disso, creio não poder de modo algum endossar certas posições suas, especialmente por sua concepção no mínimo estranha da relação entre a arte e a beleza moral. Não sei ainda o que pensar da totalidade de sua obra, pois é a primeira vez que leio mais de duas linhas sobre o sujeito. Talvez eu acabe descobrindo que ele ocupa na literatura francesa o posto que Kant ocupa na filosofia ocidental: alguém de méritos intelectuais limitados, mas tão influente que ninguém que se interessa seriamente pelo assunto pode se esquivar de lê-lo. Mesmo que seja esse o caso, porém, Baudelaire tem uma vantagem indiscutível sobre Kant, que é a de escrever infinitamente melhor. Mas quem já leu uma sentença inteira de Kant sabe que escrever melhor que ele não é motivo de orgulho para ninguém.

Baudelaire pode ter atraído minha atenção por ter falado muito sobre um assunto acerca do qual sou conscientemente ignorante: filosofia da estética, da arte, da literatura e da poesia. Não sei se foi por algum preconceito devido à leitura de Sartre, mas o fato é que nunca me interessei muito por literatura francesa. Talvez devesse me interessar mais, dada a tremenda influência cultural da França sobre o Ocidente de modo geral. Devendo ou não, porém, o fato é que o assunto todo está me parecendo muito interessante. A leitura da tese da Norma me deixou com vontade de aprender francês para melhor desbravar esse velho mundo.

Quem ainda não leu, não deixe de ler este post já meio antigo no blog da Norma: Minha pequeníssima história da arte moderna.

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