O livro é cheio de ilustrações belas, ou pelo menos interessantes, mas entre as páginas 276 e 277 há uma seção de dezesseis páginas contendo ilustrações coloridas acompanhadas de explicações. O autor chama essa seção de Um livro dentro do livro - talvez em alusão a uma propriedade, exibida por muitos fractais, que os leva a apresentar cópias exatas (ou quase) de si mesmos em escalas cada vez menores - e declara que ele "é dedicado à proposição de que, se 'ver é crer', ver em cores pode levar a uma crença ainda mais intensa".
Há várias coisas interessantes nessa parte da obra, mas o que me chamou a atenção aparece já na primeira página. Trata-se desta figura, que encontrei reproduzida no site Blingdom of God:
Há várias coisas interessantes nessa parte da obra, mas o que me chamou a atenção aparece já na primeira página. Trata-se desta figura, que encontrei reproduzida no site Blingdom of God:
Conforme demonstra o trecho que publiquei na segunda postagem sobre este livro, Mandelbrot gosta de citar evidências de que os antigos vislumbraram na natureza algo que escapa à geometria euclidiana e só pode ser descrito rigorosamente por sua teoria dos fractais. Essa figura é um bom exemplo: é uma representação da criação do mundo presente em um códice bíblico copiado na primeira metade do século XIII, e que hoje está na Biblioteca Nacional da Áustria, em Viena. A legenda diz, em um velho dialeto francês: "Aqui Deus cria o céu e a terra, o sol e a lua, e todos os elementos". Sempre bem-humorado, Mandelbrot publicou-a adaptando a legenda, que passa a dizer: "Aqui Deus cria os círculos, as ondas e os fractais".
De fato, a gravura mostra um mundo esférico, contendo não só massas de forma esférica ou ondulada, mas também uma matéria escura cuja forma lembra muito a de certos fractais apresentados em outras partes do livro.
Cada vez mais me convenço de que tenho razão em admirar Mandelbrot não só como matemático, mas também como escritor de textos científicos. A forma pessoal com que ele se expressa, deixando entrever um interessante senso de humor e uma notável sensibilidade histórica e artística, me parece muito agradável. Todo cientista deveria escrever assim.
De fato, a gravura mostra um mundo esférico, contendo não só massas de forma esférica ou ondulada, mas também uma matéria escura cuja forma lembra muito a de certos fractais apresentados em outras partes do livro.
Cada vez mais me convenço de que tenho razão em admirar Mandelbrot não só como matemático, mas também como escritor de textos científicos. A forma pessoal com que ele se expressa, deixando entrever um interessante senso de humor e uma notável sensibilidade histórica e artística, me parece muito agradável. Todo cientista deveria escrever assim.
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