terça-feira, 22 de dezembro de 2009

The fractal geometry of nature VI

Ainda no livro que está dentro do livro, Mandelbrot conta algo sobre um modelo matemático e computacional, desenvolvido por ele, capaz de fornecer superfícies cuja forma é muito semelhante à de montanhas verdadeiras; segundo ele, ninguém tinha conseguido produzir montanhas convincentes dessa forma até então. (Infelizmente não consegui localizar essa figura na internet.) Em seguida, ele faz um comentário que, ao mesmo tempo em que traz um tom de desabafo e irritação, revela algo sobre sua interessante concepção da ciência:

"É muito estranho que vários observadores, depois de comentarem brevemente que a caracterização do relevo com base apenas nos critérios de invariância e continuidade é engenhosa e eficiente, passam a criticar longamente essa abordagem porque seus critérios são abstratos demais e não podem ser deduzidos a partir de 'modelos' explícitos ou mecanismos geradores, seja antes ou depois do fato.

Reluto em replicar grosseiramente criticando as teorias concretas e amplamente aceitas sobre o relevo por fracassarem na tentativa de proporcionar paisagens artificiais com realismo sequer comparável às obtidas por minhas teorias 'abstratas'. Parece-me melhor apontar que muitas das melhores teorias da ciência começaram com primorosas combinações de pistões, cordas e polias, apenas para terminar (várias gerações mais tarde) em princípios de invariância explícitos. Desse ponto de vista, o trabalho que levou às presentes ilustrações, assim como outros estudos de caso feitos neste ensaio, começam da linha de chegada. Será que isso é motivo para tanta infelicidade?"


Creio que o autor está se referindo ao surgimento da própria teoria eletromagnética de Maxwell, cujas equações, segundo li em algum lugar, foram deduzidas a partir de um modelo consideravelmente "mecânico" que mais tarde foi abandonado. Ou mesmo da própria mecânica, que teve início em considerações puramente cinemáticas - isto é, relativas à mera descrição dos movimentos -, para só mais tarde receber uma interpretação em termos de forças e conservação de momento e energia; esses princípios de conservação são exemplos dos critérios de invariância mencionados por Mandelbrot.

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