quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O grande jogo XI

O quinto capítulo, A esquerda que fuzila, é certamente o melhor de toda a primeira parte do livro. Ele critica o totalitarismo da esquerda de inúmeras formas. Denuncia corretamente a farsa da desestalinização empreendida pelo comunismo soviético, apontando a hipocrisia de Kruschev, do Partido e de seus muitos colaboradores no Ocidente, bem como a falsidade dos dois pilares fundamentais da reinterpretação pós-stalinista da história: que a URSS foi responsável pela melhoria das condições de vida no Ocidente e pela salvação da humanidade contra o perigo do nazismo. Identifica aspectos importantes da semelhança ideológica entre o PT e os partidos e líderes comunistas totalitários dos tempos da Guerra Fria, semelhança essa que se manifestou de vários modos, por exemplo, por ocasião da crise do mensalão. Critica a omissão do governo Lula e outros partidos de esquerda brasileiros diante dos crimes políticos da ditadura castrista - o que, aliás, continua acontecendo até hoje. Denuncia a exultação imoral da esquerda acadêmica brasileira por ocasião dos ataques do 11 de setembro e, de modo mais amplo, a simpatia da esquerda mundial pelo terrorismo islâmico. Denuncia também o antiamericanismo que se apossou de maneira generalizada da esquerda no mundo todo, impedindo-a de perceber a força inigualável da democracia americana. Trata com o devido desprezo o trabalho de Michael Moore, o mais mentiroso cabo eleitoral do Partido Democrata. Ataca, de modo geral, as teorias conspiracionistas sobre o 11 de setembro, identificando a razão fundamental de sua plausibilidade aos olhos de muitos: a convicção autenticamente esquerdista de que só amantes da liberdade podem ser verdadeiros inimigos da "pátria do capitalismo". O trecho de que mais gostei no capítulo todo é este aqui:

"Eles eram americanos, foram rebaixados a norte-americanos e hoje não passam de estadunidenses. Os arautos do antiamericanismo querem extirpar a América do nome dos Estados Unidos, reduzindo-os à descrição anódina de seu sistema federal. A privação do nome próprio equivale a uma eliminação simbólica do inimigo e funciona como prelúdio ideológico do extermínio prático, que permanece como ideal."

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