quarta-feira, 17 de março de 2010

Exposição de Hebreus IX

Nessa fascinante epístola, como todos sabemos, ocupa o primeiro plano a relação entre o Antigo Testamento e o Novo, entre a velha dispensação e a nova, entre o judaísmo milenar e o cristianismo nascente. Assim sendo, o comentário de Calvino sobre ela é um bom lugar para verificarmos quanta atenção o reformador concede a essa mesma relação. Quanto a isso, devo confessar que estou impressionado. Não há citação da Lei, dos Profetas ou dos Salmos que não seja analisada em minúcias. O reformador francês sempre se preocupa em estabelecer a função retórica da citação, o contexto de sua origem, o significado natural para os judeus antigos e a natureza de sua relação com o advento de Cristo e o assunto discutido no contexto da epístola, bem como fazer considerações de cunho textual ou linguístico. Quando necessário, Calvino não teme se empenhar numa tentativa honesta e laboriosa de resolver discrepâncias percebidas entre o sentido original do trecho citado e o sentido atribuído pelo autor inspirado. Rigor semelhante se faz presente também na apreciação de meras alusões a eventos do Antigo Testamento, da história ou da cultura do povo judaico.

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