segunda-feira, 29 de março de 2010

Exposição de Hebreus XI

"Pela fé Moisés, sendo já homem, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que por algum tempo usufruir dos prazeres do pecado, considerando o opróbrio de Cristo como maiores riquezas que os tesouros do Egito." (Hebreus 11.24-26)

O trecho abaixo, que contém parte dos comentários de Calvino sobre a porção destacada acima, traz elementos importantes sobre a concepção do reformador acerca do correto usufruto dos bens deste mundo. Parece-me claro que Calvino não era um puritano, no sentido pejorativo que essa palavra veio a adquirir mesmo em alguns círculos cristãos. (Até C. S. Lewis, que estava a anos-luz de ser um calvinista, enxergou a impropriedade desse estereótipo que prevalecia na Inglaterra já em seu tempo, e que é bem visível, por exemplo, em Chesterton.) O ensino de Calvino sobre esse tema merece ser mais bem conhecido, e dou minha pequena contribuição para isso com esta postagem.

"Devemos revestir-nos de prudência ao considerar esse modo de expressão, porque ele nos revela que tudo quanto não podemos obter sem que Deus se ofenda deve ser descartado como veneno letal. A todas as seduções do mundo, as quais nos afastam de nossa inclinação para Deus, o apóstolo chama de 'prazeres do pecado'. E esses prazeres não são contados entre as bênçãos da vida terrena, as quais podemos desfrutar com uma consciência pura e com a permissão divina. Devemos ter sempre em mente distinguir aquilo que Deus nos permite. Algumas coisas são em si mesmas lícitas, mas seu uso nos é proibido em virtude das circunstâncias de tempo, lugar ou outras coisas. Ao usufruirmos de todas as bênçãos desta presente vida, devemos ter sempre em mente o fato de que elas nos são auxílios para seguirmos a Deus, e não obstáculos."

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