sábado, 20 de março de 2010

Nem Marx nem Jesus V

É com muito esforço que resisto à tentação de transcrever o terceiro capítulo inteiro, muito embora eu mantenha desacordos razoavelmente severos com Revel - a começar pelo próprio título, Não houve revolução nos países comunistas. Transcrevo, contudo, dois trechos interessantes, o primeiro dos quais trata da economia precária dos países comunistas, sobretudo da União Soviética, enunciando uma opinião que será demonstrada com base em fatos adiante, no mesmo capítulo. O segundo trecho fica para outro post.

"A austeridade dos países comunistas não é uma austeridade do investimento, uma austeridade planejada e coerente devida, como se quis fazer crer, à 'acumulação socialista primitiva', e sim uma pobreza anárquica, devida ao rendimento precário de um aparelho produtivo mal dirigido. Em matéria de acumulação socialista primitiva, o que os soviéticos até hoje conseguiram foi buscar capital em bancos japoneses (isto é, americanos) e solicitar à Ford a instalação - às próprias custas, naturalmente - de uma fábrica de automóveis na Rússia. Em outras palavras, reclamam a honra de ser integrados no pelotão das nações neocolonizadas."

Isso me faz lembrar de um relato que recebi por e-mail de um conhecido virtual, em 2006. É um exemplo mais atual do mesmo princípio enunciado por Revel acima:

"Uma das imagens que mais me impressionaram nos últimos tempos foi em uma reportagem sobre o atual Vietnã. Mostrava um daqueles velhinhos que comandaram a guerrilha comunista que derrotou a águia em uma mesa, governando o país. Ainda usava farda. A reportagem falava sobre as condições de vida do povo vietnamita, e também o velhinho guerrilheiro fardado sorrindo por causa da inauguração do primeiro McDonald's na capital do seu país, afirmando que o negócio agora era atrair investimento estrangeiro."

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