quinta-feira, 20 de maio de 2010

Nem Marx nem Jesus XIV

O livro traz um capítulo intitulado Antiamericanismo e a revolução americana, dedicado, creio eu, ao mesmo assunto que, vinte e poucos anos mais tarde, resultaria num livro inteiro escrito pelo mesmo autor. O trecho que transcrevo a seguir capta bem o espírito de toda essa parte do livro, que denuncia nos esquerdistas franceses o erro de, preocupados em coar o mosquito americano, engolir repetidamente o camelo europeu. O assunto em questão é o antissemitismo. Revel narra aqui uma conversa que teve com "uma romancista de extrema-esquerda" pouco tempo depois de ter retornado de uma viagem aos Estados Unidos.

"[Ela] me perguntou em tom imperativo (a resposta não poderia deixar de ser afirmativa, na sua opinião) se persistia o antissemitismo de sempre na América. Respondi que, com efeito, sabia desde muito existir certa discriminação em vários clubes e até nalguns restaurantes, mas que nunca tivera ocasião, durante as minhas estadas, de verificar diretamente esse fenômeno. Ela contra-atacou vigorosamente, oferecendo-se para me dar uma lista de vinte ou trinta restaurantes de Nova York onde os pedidos de reservas de mesas feitos pelos que têm sobrenomes judaicos eram, dizia ela, recusados. Curvei a cabeça, retorquindo que isso era possível, embora eu não o houvesse notado. Ficamos nisso, e foi só mais tarde que me invadiu a sensação do descaramento que havia, da parte duma francesa, em fazer tais afirmações. Pois, afinal, qual a razão por que existem atualmente seis milhões de judeus na América do Norte? Apenas porque eles, ou seus pais e avós, foram expulsos da Europa pelas perseguições que lhes moveram e porque houve pogroms na Rússia, no princípio do século, na Hungria, na Romênia e na Polônia! Somente por terem existido Hitler e as leis raciais de Vichy, que fizeram grande investida contra os judeus franceses! No momento mesmo em que essa senhora me 'bicava', surgiam de novo, na França, estranhos delírios coletivos - o 'boato de Orleans', o 'boato de Amiens'; nessas cidades corria o boato de que, em lojas judias, mulheres sumiam por alçapões, tão logo entravam. A Europa bárbara, sanguinária, policial, fanática e mesquinha havia desde sempre praticado incansavelmente o antissemitismo, de todas as modalidades, da perseguição ao genocídio organizado; ela chegara, nesse campo, à verdadeira apoteose, no século mesmo em que vivemos: matara, apenas no decorrer da Segunda Guerra Mundial, quase o dobro de quantos judeus existem atualmente na América do Norte (se se acrescentarem às vitimas dos campos de morte alemães as que foram chacinadas no resto da Europa). E eu tinha ainda de ouvir uma europeia, uma francesa, fazer a acusação do antissemitismo na América, a propósito de histórias de mesas de restaurante!"

Um comentário:

  1. Um livro muito bom que mostra a perseguição antisemita nos Estados Unidos é "A GUERRA CONTRA OS FRACOS: A EUGENIA E CAMPANHA NORTE-AMERICANA PARA CRIAR UMA RAÇA SUPERIOR" DO ESCRITOR JUDEU EDWIN BLACK.

    Nesse livro o próprio autor - aí é opinião minha - sem querer mostrar como surgiu A ATUAL "NOVA ORDEM MUNDIAL"!

    Está tudo lá: Criação da ONU, movimentos abortistas, como surgiu e onde surgiu a eugenia, a influência do protestantismo no movimento eugenista,... está tudo lá!

    Mais infelizmente esse livro, como todo livro revelador, não teve nenhuma repercussão na mídia de "livre pensamento"!

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